Segunda noite do ID_No Limits: o enorme Kamaal Williams, o abraço quente de Dino D’Santiago e o habitual de Little Dragon
Deu-se por terminada a segunda e última noite do ID_No Limits. Um festival que, em modo estreia, arriscou tanto na localização, que muito se estranhou e comentou, como pelo alinhamento que provou que com os nomes certos lá se arrancam as pessoas de Lisboa.
Com um estudo de horário bem mais dificultado comparativamente à noite anterior, muito pela sobreposição das atuações que mais público atraíram ao ID, a noite de 30 de Março tinha no seu cartaz um dos nomes que mais interesse despertou no festival, Kamaal Williams. Henry Wu, agora Kamaal, é um dos responsáveis pelo enorme boom do jazz eletrónico que se tem vivido. Diretamente de South London, não é a primeira vez do britânico em Portugal, é de facto a terceira, mas foi a primeira vez que atuou a Sul e isso sentiu-se pela sala do Auditorium cheia e a fervilhar para o receber.
Acompanhado por Tonez na bateria e Hercules no baixo, tivemos direito a uma tareia de música, de muito boa música. Ao mesmo tempo que nos sentimos incapazes de ficar quietos sentimo-nos igualmente presos no loop viciante de improviso que nos momentos certos mesclava as sonoridades de New Heights e The Return. Quer-se muito mais de Kamaal por cá, digamos que saímos de fé restaurada no verdadeiro sentido de musicalidade.
A muito custo algum do público abandonou a sala pois no Grand Hall estava-se prestes a assistir à imensidão, à excentricidade e à já conhecida irreverência do venezuelano Arca, proporcional à do público.
A sobreposição de horários não foi mais uma vez amiga pois, enquanto Arca atuava, à porta do Auditorium ia-se formando uma respeitável fila, chamamos-lhe o efeito Dino D’ Santiago. Quem já o viu quer repetir, quem nunca o viu quer ver.
Dino está a viver o seu melhor momento e o auditório, cheio, de pé, voltou a ser prova disso mesmo. Para o ID trouxe o seu último álbum Mundu Nôbu mas não deixou de recordar temas de Eva. Voltar a ver Dino voltou a saber a uma noite entre amigos. Continua a ter o efeito de conseguir abraçar todos na sala e de nos transportar para Cabo Verde sem tirar os pés de Portugal.
O início do concerto de Little Dragon foi levando alguns, a contragosto a mudar novamente de palco. Os suecos voltaram a Portugal, com o seu arco-íris de cores, com o seu efeito-alegria e os singles dançantes a que nos têm habituado. Enquanto cabeças de cartaz não tiveram de todo o mesmo impacto de Arca ou de IAMDDB mas mantiveram um Grand Hall compostinho, embora sem nada de grande destaque.
Os passos mais arriscados já foram dados, esperamos para ver o que o ID nos trará no próximo ano.
Fotos: D.R.