Para arquivar em “barrigada de MUSEca” – Reportagem no MEO Arena
Eram 18h30 quando as portas do MEO Arena se abriram para acolher os fãs de Muse. E se eram muitos! Estamos em crer que não víamos uma enchente tão grande de pessoas acumuladas em fila, desde o concerto do Tony Carreira – que tivemos o privilégio de acompanhar. Mas regressemos ao dia 2 de Maio, segunda-feira.
Matthew Bellamy, Christopher Wolstenholme e Dominic Howard não são estreantes em palcos portugueses. Esta história de amor – entre os Muse e o público deste país à beira mar plantado – começou há cerca de dezasseis anos, na Ilha do Ermal. Desde então, têm sido os vários momentos de encontro e de namoro, durante os quais o público se rende à competência, dedicação e espectacular performance da prestação da banda britânica.
Drones World Tour traz consigo um palco 360º e todo um jogo de drones, que acompanham o alinhamento musical de forma irrepreensível. Tudo está pensado ao pormenor e o público só pode mesmo deixar-se envolver pelo espectáculo. Torna-se uma experiência imersiva, durante a qual só podemos mesmo esquecer o mundo lá fora.
A primeira parte do concerto de ontem esteve a cargo da banda originária de Nijmegen e de seu nome De Staat. Uma das suas músicas prometia We’re gonna have some fun tonight. And we did. Entre a primeira parte e os primeiros acordes da banda britânica, tivemos ainda a oportunidade de saber o resultado do jogo de futebol, entre o Benfica e o Braga, através do simpático Manel que passou o concerto a carregar o barril de cerveja às costas. Um verdadeiro Super Man – tal como se podia ler na sua t-shirt.
Pelas 21h20, os Muse subiam ao palco para justificar, de forma irrepreensível, o “SOLD OUT” que se podia ler no site oficial da banda. Psycho foi a música de abertura que, em poucos segundos, levou o público ao delírio. Foram alguns os momentos em que Matt deu a voz aos fãs presentes no concerto – aconteceu logo, com Plug in baby. Enquanto o palco rodava, havia umas bolas gigantes (drones) a dar luz e a executar uma espécie de coreografia altamente sincronizada.
Supermassive black hole e Starlight foram alguns dos momentos mais vibrantes, numa noite onde fica difícil escolher o momento mais alto. A experiência deste concerto incluiu várias projeções numas telas transparentes que acompanhavam a passadeira que os músicos percorriam para se aproximar do público. Houve balões XXL, confetis e lugar ainda para o aparecimento de outro drone, desta vez um avião. Aconteceu uma Madness saudável, com uma entrega total da banda para com o público e vice-versa. O concerto pautou-se por um lado quase litúrgico, em que temas como Uprising assumiram uma espécie de hino de devoção, para todos os Knights of cydonia presentes.
Os Muse são mestres na fusão entre o tecnológico e o humano; são ainda capazes de nos surpreender, concerto após concerto. Pela forma como inovam a nível de encenação e pela experiência visual para o público. E no dia 2 de Maio cumpriram e superaram as expectativas de uma sala cheia e há muito esgotada.
Our hopes and expectations? Que os Muse continuem a fazer boa música – e a visitar Portugal para nos deixar de boca aberta e de barriga cheia. Sem problemas de consciência: esta MoUSsE é daquelas que engorda somente a alma.
Fotos de Alexandre Antunes cedidas pela promotora Everything Is New