Amor é Cego – e as saudades de Anselmo Ralph eram muitas! A reportagem no Campo Pequeno.
E eis que Anselmo Ralph, regressa ao Campo Pequeno, três anos depois de encher esta sala com A Dor do Cupido. Desta vez, traz consigo o novo trabalho, Amor é Cego, que num ápice atingiu o número um do top de vendas nacional. O concerto esgotou e, no final, Anselmo não tinha palavras para agradecer a presença, o carinho e o amor do público.
“Já tinha saudades vossas”, disse Anselmo ao microfone, no início do concerto. Lá fora a temperatura exigia agasalhos – mas dentro da Praça do Campo Pequeno o calor era mais do que muito. Depois de Não vou contar, Promessa e Curtição, Anselmo recorda o concerto de 2013, naquela mesma sala. Virou amor trouxe ao palco o convidado Laton Cordeiro, que nos brindou, ainda, com uma música sua, Safari. Como dói, Mente para mim (acompanhado por Laura Vargas) e Casa comigo foram os temas que abriram caminho até ao momento de medley, durante o qual Anselmo cantou a cappella. Bom, na verdade, teve sempre a companhia do público e dos fãs fieis que deram vida àquela sala de espectáculos. Nesta noite havia uma pessoa especial na plateia: a sua mãe.
Por favor DJ, Chin-Chin, Única Mulher e Todo teu fizeram as delícias do público. Este era constituído por jovens histéricas, famílias, casais de namorados. Anselmo consegue chegar a um público heterogéneo – e isso deve-se ao seu lado mais humano, ao qual é impossível ficar indiferente. Gostemos muito ou pouco da sua música, a verdade é que é muito fácil simpatizar com a pessoa por detrás do artista.
Plutónio acompanhou Anselmo e a sua banda no tema Money. Também ouvimos Última vez, antes mesmo daquele que é o tema que lançou Anselmo para as pistas de dança e para as rádios: Não me toca. Este é o tema que associamos, de imediato ao cantor e que não podia faltar no alinhamento desta noite. Foi a penúltima música a ecoar pela Praça do Campo Pequeno, com direito a acompanhamento por parte do público, do primeiro ao último acorde.
Tendo em conta que o último concerto de Anselmo Ralph ao qual assistimos foi aquele que aconteceu em Dezembro de 2014, no MEO Arena, confessamos que saímos do Campo Pequeno com a sensação de que havia muito por ouvir – sobretudo as músicas do novo álbum. Compreendemos que para Anselmo não será fácil tomar decisões ao nível do alinhamento. São muitos os êxitos e as canções que o público leva consigo no coração e cujas letras estão sempre ali mesmo, na ponta da língua.
O último trabalho de Anselmo, Amor é Cego, conta-nos uma história de amor, os seus altos e baixos – inclui até o momento do pedido de casamento, na música O Pedido, na qual participa o grande Paulo Flores. O primeiro single, Todo teu, começou a tocar nas rádios há algum tempo, reforçando o tom romântico do trabalho que caracteriza Anselmo. Em menos de dois meses, o vídeo oficial do tema conseguir mais de 1 700 000 visualizações no YouTube.
Anselmo é, a par de Nelson Freitas ou C4 Pedro, um dos responsáveis pela explosão da kizomba, em Portugal. Tornaram-se comuns as aulas abertas de kizomba, nos mais variados espaços nocturnos, um pouco por todo o país, desde os locais mais míticos aos “nem por isso“. Além disso, a participação do angolano no programa The Voice Portugal tornou ainda mais estreita a ligação com o povo português. Anselmo é uma pessoa carismática e que sabe conquistar quem dele se aproxima com um sorriso honesto e largo. O mesmo sorriso que envergou no final do concerto quando apresentou a banda e os dançarinos que o acompanharam neste regresso a Lisboa.
O artista terminou o concerto com o tema Muito obrigado. Ora essa, Anselmo. Quem agradece é o público que enche as salas por onde passas com um amor [cego] pelo teu trabalho e carisma.