8 Ago 2019 a 11 Ago 2019

Ai, é tão lindo! – o primeiro dia de Bons Sons 2019

Ai, é tão lindo! - o primeiro dia de Bons Sons 2019

O festival que transforma a aldeia de Cem Soldos no centro da música portuguesa durante quatro dias teve bênção da chuva e grandiosos concertos de Joana Espadinha + Benjamim, Fogo Fogo e Diabo na Cruz.

Mais um ano, mais uma peregrinação a Cem Soldos. A aldeia do concelho de Tomar é casa de um dos festivais mais especiais do país, o Bons Sons. Feito por locais sem pretensões de lucro, o objectivo é celebrar a música portuguesa e pôr no mapa um local tantas vezes menosprezado: o interior.

No primeiro dia da edição deste ano, os Mano a Mano trouxeram melodias à guitarra para estrear o Palco Giacometti e a Orquestra Filarmónica Gafanhense encheu o Palco Zeca Afonso de músicos jovens, por exemplo. Mas foi à noite, quando a maior parte do público chegou, que as coisas começaram a aquecer.

A celebrar a sua décima edição em treze anos de existência, o festival convidou treze artistas que por cá já tinham passado a fazerem concertos especiais, a maioria em conjunto. Assim, a primeira destas duplas a actuar foi a de Joana Espadinha + Benjamim. No ex-Palco Eira, agora António Variações, festejou-se alguma da melhor pop nacional dos nossos dias. Os Teus Passos, Madrugada ou Terra Firme, do lado de Benjamim, e Pensa Bem, Voo Raso ou Leva-me a Dançar, do lado de Joana Espadinha, foram os temas mais celebrados de um concerto que, pela primeira vez nesta edição, mostrou a pujança do público do Bons Sons.

Por falar em pujança, ninguém a tem mais do que os Fogo Fogo. É funaná puro e duro e invadiu a aldeia e o Palco Lopes-Graça de tal forma que não se via uma única perna que não estivesse a bater. Do velhinho à criança, dançou-se o esquema, fez-se a roda, brindou-se à aldeia e fez-se a festa. M’Bem Di Fora, Oh Minina, a nova Dia Não e o clássico È Si Propi foram momentos altos de um concerto que nunca desceu de nível.

Sem parar para recuperar – é que o calor abafado não deu tréguas noite adentro -, somos brindados com uma das bandas mais marcantes do rock português dos últimos anos. Os portuenses X-Wife são a super banda de João Maia (Mirror People) e João Vieira (White Haus) e alinham o rock and roll com a electrónica de forma exímia. No Palco António Variações houve desde crowdsurfing a pé de dança.

Talvez o concerto mais esperado da noite e um dos mais ansiados desta edição, o que se seguiu foi um dos momentos mais especiais que aqui presenciamos. Os Diabo na Cruz não tocavam em Cem Soldos há nove anos, daí o largo a abarrotar, os coros do público e as palmas incessantes, que nem a persistente chuva conseguiu abafar. Se alguns tinham dúvidas quanto à consistência do grupo sem Jorge Cruz (que saiu da banda em Maio deste ano), a partir do primeiro tema todas se dissiparam. Procissão foi desde logo cantada por todos e abriu caminho a um desfile de temas que juntam a música de raiz tradicional portuguesa ao rock ango-saxónico: Ganhar o Dia, Os Loucos Estão Certos, Vida de Estrada, Tão Lindo, Chegaram Os Santos (com comboinho, claro) e muitos mais. Para marcar ainda mais o regresso ao Bons Sons, a banda convidou Carlos Guerreiro, dos Gaiteiros de Lisboa, para participar num tema do baú, Macaco de Imitação, e a sua versão de Lenga-Lenga, dos lendários Gaiteiros. Fronteira, cantada em coro com o público que encheu o largo principal da aldeia, fechou a noite da melhor maneira.

Teresa Colaço  

Tem pouco mais de metro e meio e especial queda para a nova música portuguesa. Não gostava de cogumelos mas agora até os tolera. Continua sem gostar de feijão verde.


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Mais sobre: Benjamim, Diabo na Cruz, Fogo Fogo, Joana Espadinha, Mano a Mano, Orquestra Filarmónica Gafanhense, X-Wife


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