Vinte anos depois, os Skunk Anansie voltaram ao Coliseu dos Recreios

Vinte anos depois, os Skunk Anansie voltaram ao Coliseu dos Recreios

Quem diria que já passaram vinte anos desde a primeira vez que os Skunk Anansie estiveram em Portugal? A festa desses vinte e dos vinte e três de existência da banda só podia mesmo acontecer na mítica sala do Coliseu dos Recreios, em Lisboa. O concerto aconteceu a 11 de Fevereiro e a Andreia Teixeira e o Alexandre Paixão andaram por lá.

Os Skunk Anansie estão em tour e ainda são daquelas bandas que conseguem fazem render um concerto à base dos clássicos – coisa que nós agradecemos. O público presente foi sortudo em fazer parte desta noite tão especial. Skin disse que não se imaginaria a celebrar esta data em qualquer outro lugar do mundo. Tal como habitual, a sua actuação foi irrepreensível, enquanto os restantes elementos da banda nos provaram que nem só de uma frontwoman se constrói um projecto desta dimensão.

Se há algo de que nos podemos gabar é da relação tão especial que o nosso país mantém com os Skunk Anansie desde há muito, muito tempo. A banda estreou-se em terras lusas em 1997 e desde então que têm sido uma presença constante na agenda portuguesa de concertos. Ainda em Maio de 2016 estiveram no Porto, a propósito da Queima das Fitas. Esta presença assídua certament contribui para manter os seguidores fiéis e converter outro tanto. Mas antes das duas horas de concerto destes jovens, houve lugar a concerto de uma outra banda britânica.

The Pearl Harts são um grupo britânico muito agradável. Embora não nos tragam algo particularmente original, trazem o mais importante: atitude. Este duo dinâmico, no feminino, revelou-se bastante competente para um palco daquele tamanho e aqueceu a plateia com meia horinha de puro rock’n’roll que tresandava a blues. Preparam-se para lançar o primeiro álbum e vale bem o tempo de alguns ouvidos mais alternativos.

A espera pela entrada dos Skunk Anansie deixava-nos com aquele friozinho na barriga e isso sentia-se bem num Coliseu esgotado: entre plateia, bancadas e palco fomos mais de 7000. As luzes apagaram-se, os guitarristas Ace e Cass entram em palco e ouvimos os primeiros acordes da And Here I Stand. Começar pelo primeiro álbum da banda, Paranoid and Sunburnt, não podia ser mau presságio. De repente caiu o pano e revelou-se a bateria de Mark Richardson, sobre uma plataforma iluminada, e a teclista Erika Footman. Deborah Dyer, mais conhecida por Skin, irrompeu pelo palco a correr, brindando toda a gente com aquela voz (que mais merecia ser escrita com letra maiúscula). Logo na primeira música vimos a vocalista a descer do palco e a juntar-se à plateia, caminhando sobre as cabeças com a ajuda dos fãs e seguranças.

Skin tem uma energia interminável e se descontarmos o facto de ela tocar também guitarra em diversos temas, julgo que nos resta dizer que nenhum outro ser consegue fazer jogging e cantar ao mesmo tempo sem vacilar. Estes cinco músicos foram mais do que suficientes para encher o coliseu e o público foi grande o suficiente para lhes encher o coração, o literal e o balão gigante de respectiva forma que lhes ofereceram. A incursão pelo álbum de 1995, Paranoid & Sunburnt,, continuou. Rapidamente se percebeu que não havia música em que os portugueses não conseguissem acompanhar a letra.

Gostávamos de conseguir destacar músicas, solos, especial desempenho de algum dos instrumentos… mas é impossível. Embora estejamos no início do ano, arriscamos a classificar este como um dos ou mesmo o concerto do ano. Entre clássicos como Twisted, My Ugly Boy, God Loves Only You e Little Baby Swastikkka perdemos a conta ao número de vezes que Skin crowdsurfou a multidão. Pudemos também contar com momentos particularmente bonitos ao som da versão acústica de Weak e não nos conseguimos conter ao som de Charlie Big Potato, depois de numerosos e calorosos pedidos.

As letras deles não deixam grande espaço para interpretações e Yes It’s Fucking Political, entre outras, permitiu que a vocalista aproveitasse alguns momentos para reforçar uma mensagem de resistência e luta, contra a homofobia, racismo e tantos outros tópicos que cruzam a nossa vida numa base diária. Entre os pontos (mais) altos do concerto ficam Love Someone Else, do novo álbum Anarchytecture, em que fomos surpreendidos com uma cortina vertical de lasers vermelhos em palco; e, obviamente, o tema Hedonism, em que a vocalista foi acompanhada pelo público alto e bom som, do início ao fim.

Foi apenas no encore que ficámos a saber que a banda fazia precisamente 23 anos de carreira naquele dia. Soubemos também que parte das músicas da banda foram escritas em Portugal. Foram mimos para nós e mimos para os Skunk Anansie. Houve lugar a um bolo de aniversário, bem como a um Parabéns A Você cantado por toda a gente que estava naquela sala, a plenos pulmões. A vocalista distribuiu bolo pelo público e exigiu que o brinde se fizesse com vinho português. Só aqui que ninguém nos lê: foi bonito ver Cass abraçado a um balão gigante em forma de coração.

Os londrinos fecharam a noite com uma versão acústica de You’ll Follow Me Down. Este foi mais um dos infinitos motivos que fizeram com que esta noite nos fique presa na memória, pelo menos até ao próximo regresso.

Edição de Joana Rita


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