11 Jul 2019 a 13 Jul 2019

Velhas glórias, novas promessas, e uns Vampire Weekend em estado de graça – O segundo dia de NOS Alive ‘19

Velhas glórias, novas promessas, e uns Vampire Weekend em estado de graça - O segundo dia de NOS Alive ‘19

Primal Scream, Johnny Marr e Grace Jones recordaram outros tempos; Tash Sultana e Greta Van Fleet candidataram-se a próximos grandes; mas foram os Vampire Weekend que encontraram o meio termo necessário.

Num recinto ainda muito pouco populado (nunca vimos um dia de Alive com tanto espaço livre), os Pip Blom juntaram curiosos no palco Sagres, logo às 17h45. Os holandeses, que editaram até agora apenas um EP, apresentaram o seu indie pop bem animado e parece-nos que não nos vamos esquecer deles tão cedo.

Entretanto, no palco principal, Perry Farrell e a sua Kind Heaven Orchestra entreteram o público do palco NOS. Se ninguém entendeu a sua inclusão no cartaz, é impossível perceber um concerto tão confuso como este no palco principal. Regressando ao palco Sagres, a animação foi substituída pela introspecção. RY X estreou-se em Portugal e tinha uma tenda cheia a acompanhar as suas melodias melancólicas e batidas calmas. A voz é o grande trunfo do australiano que se mostrou maravilhado com a recepção do público presente.

Enquanto Bobby Gilliespie e os seus Primal Scream animavam o público no palco NOS com os seus clássicos como Movin’ On Up ou Rocks, era vez de um ícone dos anos 80 subir ao palco Sagres. Quem encheu a tenda estaria maioritariamente para ouvir temas da sua ex-banda, mas Johnny Marr não veio só para tocar The Smiths. O aclamado guitarrista trouxe temas da sua recente carreira a solo (destaque para a nova Armatopia, a bela Hi Hello e a arrebitada Easy Money), revisitou a dupla que formou com Bernard Sumner em Getting Away With It e Get The Message, mas não ficou por aí. Faltava dar ao povo o que o povo mais queria ouvir e os eternos Bigmouth Strikes Again, How Soon is Now e There Is a Light That Never Goes Out foram entoados por todos os presentes.

Seguiram-se duas promessas que já movem pequenas multidões. Tash Sultana levou muitos instrumentos para o palco e tocou-os todos, a one-girl-band australiana que viaja pelo psicadélico até ao lo fi e ainda passa pelo reggae tinha fãs convictos à sua espera. Muitos fãs têm também os Greta Van Fleet. A sonoridade (e o look, aliás) é muito rock and roll dos 70s, a excentricidade em palco idem, e, pelos vistos, tudo isso é mais do que suficiente para quem já não se lembra dos Led Zeppelin.

Mais consensuais, os Vampire Weekend chegaram ao palco principal em absoluto estado de graça após o lançamento de Father Of The Bride. Ezra Koening e companhia trouxeram temas do último disco, puseram a plateia a cantar melodias (Sunflower a mais óbvia), reviver os outros tempo (Oxford Comma, Cape Cod Kwassa Kwassa, Diane Young, Cousins, Ya Hey) e passando pelas novas This Life, Bambina e, claro, Harmony Hall. Houve mosh (sim, leu bem), muita gente às cavalitas e bolas insulfáveis gigantes. Uma festa em forma de concerto do mais interessante indie pop que tem sido feito nos últimos anos. Ainda nem tínhamos tido tempo para reagir ao final do espectáculo e já os ecrãs do palco NOS anunciavam uma supresa: Coliseu de Lisboa, 26 de Novembro.

Perguntámos ontem o que uma mulher tem de fazer para poder tocar no palco principal do NOS Alive a solo.

Continuamos sem resposta oficial, mas gostávamos de a apresentar a Grace Jones. 71 anos, uma postura incrível, os êxitos de sempre. Cenário, bailarinos, pinturas de corpo, trocas de fatos, e aquela disco sound de sempre. Uma tenda a abarrotar e uma festa de final de noite que ninguém vai esquecer.

Ao mesmo tempo, no palco principal, eram os Gossip que tentavam animar a pequena moldura humana que atraíram. Se uma “eterna diva” é relegada ao palco secundário e tem uma enchente, porquê uma banda em modo throwback ao início dos 00’s no palco principal? Teorias haverá, mas a verdade é que, apesar de Beth Ditto ter estado no seu estado mais bem humorado (conversa houve muita, e nunca pareceu demasiada), o público era pouco e menos eram os que vibraram verdadeiramente com o concerto. Com muitas mensagens pró-LGBT+ e anti-Trump, os destaques foram as óbvias Standing In The Way Of Control e Heavy Cross, sendo que as visitas a George Michael e Nirvana também tenham sido bem-recebidas.

A noite acabou com Cut Copy no palco Sagres. O NOS Alive ‘19 termina hoje e pelo Passeio Marítimo de Algés vão passar nomes como Smashing Pumpkins, Bon Iver, Chemical Brothers, Idles, Marina e Thom Yorke.

 

N.R.: Por decisão da artista não nos foi possível fotografar o concerto de Grace Jones

Teresa Colaço  

Tem pouco mais de metro e meio e especial queda para a nova música portuguesa. Não gostava de cogumelos mas agora até os tolera. Continua sem gostar de feijão verde.


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Mais sobre: Johnny Marr, Pip Blom, Primal Scream, RY X


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