Thievery Corporation – reportagem do concerto no Coliseu dos Recreios
Dos Estados Unidos da América para um Coliseu dos Recreios praticamente esgotado: foi assim que Rob Garza e Eric Hilton deram o pontapé de saída na digressão do seu mais recente álbum The Temple of I and I. A Carla Flores andou por lá a tirar notas e o Francisco Morais sacou umas quantas fotografias.
Foram dias agitados no Coliseu dos Recreios: depois da enchente provocada pelos Skunk Anansie, aquela que é uma das salas de espectáculos mais bonitas de Lisboa recebeu, no dia 15 de Fevereiro, os Thievery Corporation. Acompanhados por um percussionista e quatro cantores, a banda foi antecedida, na primeira parte, pelos convidados LOT – trio formado por José Evangelista, Pedro Sacchetti e Rui Rodrigues. Os autores de Motherboard contaram ainda com o reforço vocal de Concha Sacchetti e Joana Capucho em Take a Look, tendo conseguido uma pequena mas vibrante atuação, que suscitou o entusiamo do público e a vontade de conhecer melhor o seu trabalho.
Após um azafamado intervalo com um coliseu a rebentar pelas costuras, o regresso à sala fez-se com as expectativas num nível elevadíssimo. The Temple of I and I, o álbum sucessor de Saudade traz-nos as sonoridades da Jamaica. Se é verdade que as cores caribenhas estiveram presentes nas luzes, não o é menos verdade que o concerto resultou nalguma pobreza em termos cénicos. Os músicos apresentaram-se quase sempre recolhidos, os cantores fora dos pontos de luz e, genericamente, uma iluminação que de acordo com olhares e ouvidos mais exigentes deixou, tal como o som, bastante a desejar.
A sala estava repleta de fãs da banda, reagindo intensamente aos primeiros segundos dos temas mais conhecidos, como o muito aplaudido Until the Morning. Da plateia às galerias do coliseu dançou-se durante todo o espetáculo, que falhou sobretudo por saber a pouco.
A cerca de hora e vinte minutos de concerto foi visivelmente insuficientemente para a esmagadora maioria dos presentes na sala de Lisboa. Ao apuparem a saída da banda, os fãs deixaram claro que se esperava mais no arranque da digressão de uma banda com 20 anos de créditos firmados no panorama da música eletrónica. Sobra a certeza da vitalidade da banda qualidade do projeto.
Edição de Joana Rita