22 Ago 2019 a 24 Ago 2019

The Cult, Manic Street Preachers e Anna Calvi: britânicos que nos aprazem no 1º dia do EDP Vilar De Mouros

The Cult, Manic Street Preachers e Anna Calvi: britânicos que nos aprazem no 1º dia do EDP Vilar De Mouros

A edição de 2019 do mais antigo festival português está oficialmente inaugurada. Este ano, conta com um cartaz exímio que reúne grandes bandas e grandes artistas. No primeiro de três dias puramente rock ‘n’ roll e as nossas atenções não se desviaram do palco principal.

Em 2014 diziam “Vilar Voltou!”, mas só agora é que temos a certeza que é para ficar. O primeiro dia foi entregue a artistas vindos de terras de sua majestade e apesar de nenhum deles ser novidade em solo português, foram todos novamente muito bem vindos. O primeiro dia obteve uma enchente de gente como já há algum tempo não víamos por terras minhotas, mas ainda sobra algum espaço para os saudosistas que ficaram por casa.

Anna Calvi, como se conquista um público

A cantora e compositora britânica Anna Calvi abriu as atuações do palco principal neste primeiro dia em Vilar de Mouros. Não é de admirar que Anna esteja novamente nomeada para um Mercury Prize. Tocou o seu último álbum Hunter quase na íntegra, barrando na perfeição a maneira como ecoaram os seus temas feministas. É merecedora da equiparação a grandes senhoras como PJ Harvey e Patti Smith que ainda há tão pouco tempo tivemos prazer de encontrar.

O seu som é impetuoso e a sua voz soberba. A maneira tímida com nos diz “Thank You” em nada assemelha ao timbre poderoso com que entoa as suas canções. Dou particular destaque a Wish do álbum mais recente. É sem dúvida uma canção muito mais poderosa ao vivo e nela Calvi possui uma enorme teatralidade rock ‘n’ roll. Com apenas 3 álbuns já a podemos considerar uma cantora, compositora e guitarrista extremamente completa. E embora na plateia quase ninguém estivesse cá para a ver e ouvir, a verdade é que nos conquistou a todos numa performance que lhe valeu sentidos aplausos.

Manic Street Preachers, culture sucks down words

Como previsto, a plateia recordou tempos passados com os conterrâneos de Anna Calvi. Do último disco Resistance Is Futile os Manic Street Preachers tocaram International Blues, mas êxitos como Motorcycle Emptiness (cujo início da letra transparecia no ecrã em palco), You Stole The Sun From My Heart e A Design For Life foram os mais cantados e celebrados.

Pelo meio, o vocalista James Dean Bradfield toca em acústico Suicide Is Painless de Johnny Mandel e Mike Altman (escrita e produzida para o filme e série M*A*S*H). De seguida, James não dá descanso à guitarra com a cover Sweet Child O’ Mine dos Guns Roses. Termina a atuação dando um salto até 1998 com If You Tolerate This Your Children Will Be Next. Considerei um concerto coeso mas pouco dominante. Faltou um vigor que outrora os portugueses já viram em Bradfield e na restante banda. Contudo, não deixaram de ser bem recebidos pela audiência nortenha.

The Cult, eles fazem disto um santuário

O termo genérico de banda rock assenta-lhes que nem uma luva, pois é isso mesmo que são: uma banda de puro rock. No início da sua atuação já estavam telemóveis bem ao alto para gravar a entrada de Ian Astbury e companheiros.

This is definitely the coolest festival in Portugal!

,afirma Ian. Com mais de 30 anos de carreira, o vocalista e frontman da banda inglesa possui uma voz e presença colossalmente poderosas. E o mesmo acontece com Billy Duffy e a sua imponente guitarra. O seu último álbum de 2018, Psychodrama, não deixou a crítica fortemente convencida, pelo que não tocaram nenhum tema mais atual. Mas músicas de peso como Sweet Soul Sister, Fire Woman, Rain e Wild Flower foram muito bem entregues e recebidas.

Em destaque fica She Sells Sanctuary que fez a audiência erguer novamente telemóveis bem ao alto, transformando o recinto num santuário iluminado. E Love Removal Machine tema com que terminaram a atuação da noite. Destaco ainda a boa disposição e atitude carismática de Astbury, que pelo meio ainda nos fez soltar umas quantas gargalhadas, ora enquanto pontapeia habilmente uma pandeireta e se refere a Cristiano Ronaldo. Ou até mesmo, quando nos diz para irmos todos a casa da Madonna e que se calhar os The Cult também se vão mudar para Portugal. Mas de facto não nos importávamos com tal mudança!

Entre hoje e amanhã ainda temos The Offspring, Skunk Anansie, Gogol Bordello, Prophets of Rage e muitos mais. A programação está toda em musicfest.pt/festival-edicao/edp-vilar-mouros-2019/

Ana Duarte  

Consultora Musical na Fonograna e fundadora da webzine CONTRABANDA. Estudou Music Business na Arda Academy e Línguas, Literaturas e Culturas na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Tinha uns pais melómanos que a introduziram a concertos/festivais, ainda tinha ela dentes de leite. 3 décadas depois, aproveita para escrever umas coisas no ponto de vista de espetador melómano (quando a vida de consultora musical lhe permite).


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2 Responses

  1. Filipe diz:

    ‘a plateia recordou tempos vindouros’…

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