Skrrt Skrrt, ainda não acreditam no trap? – Terceiro e último dia de Super Bock Super Rock
Nova enchente no Meco e, sem surpresas, motivada pelo género que tem vindo a ser rei nos últimos anos, o hip-hop. Ahh como é bom ver o beto da linha lado a lado com o sócio da outra linha e mais importante, juntos para o mesmo.
Desde cedo que se notou que o dia 20 de Julho, último dia da 25ª edição do SBSR traria uma nova enchente ao Meco, afinal de contas ainda tínhamos o (pouco) público do segundo dia bem presente nas nossas cabeças.
Depois de ProfJam ter atuado no palco EDP em 2018, deixou crescer o bigode, o mullet descontrolou-se, carregou no auto tune, lançou o álbum #FFFFFF e tornou-se o primeiro artista a pisar o palco Super Bock no 3º dia do festival. Com um público maioritariamente jovem, arriscamos mesmo adolescente (não fosse ProfJam outro produto da era digital), pela quantidade de pessoas que fizeram questão de marcar presença é fácil deduzir que se tornou mais um nome consolidado do hip-hop nacional.
Não faltaram coros em hits como Água de Coco, À Vontade ou Tou Bem, não se largaram os telemóveis (se não houver story no Insta é porque não aconteceu) e ainda se deu um olá à “cota” Fátima. Em palco, como DJ e hype man, contou com Mike El Nite (que atuaria mais tarde no palco Somersby) e ainda com o rapper Lhast. Foi um concerto para os fãs e quiçá para tentar mudar a opinião de alguns céticos.
No palco EDP, não se podia pedir melhor para aquela hora deliciosa do sunset: Masego. O músico já tinha estado por Portugal, para o Super Bock em Stock e, ainda que nos tivesse deixado rendidos à primeira, provámos que o seu nome teve tempo para maturar e atrair muitas mais pessoas ao Meco com o propósito de o ver.
Abrindo logo com Tadow, Masego provou que é bem mais do que um artista de um one time hit. Durante uma hora fez do público o que quis comprando-nos com o seu TrapHouseJazz e entre interações frequentes com o público. Lady Lady, Navajo ou mesmo as suas incursões por Glamorous de Fergie ou Sensual Seduction de Snoop Dogg deixaram-nos agarrados. Masego pareceu-nos estar a viver um momento tão bom como nós pelo que se percebeu o porquê de a maioria adiar a hora de voltar ao palco do Super Bock até ao final do concerto.
Faltavam praticamente vinte minutos de Masego quando Janelle Monáe iniciou o seu concerto no palco principal. Talvez Janelle ainda não seja compreendida como merecia por cá mas o facto é que, com um recinto cheio, eram mais as pessoas dispersas entre conversas ou comes e bebes do que focadas na norte-americana. Depois de um concerto que soube quase a improviso com Masego, chegar a Janelle e ver toda a produção e cenário que ela põe num concerto é de deixar o queixo cair. Entre mudas de roupa, mudanças de cenário, e danças em palco, Janelle nunca nos soa plástica, pelo contrário, consegue sempre manter-se genuína. A norte-americana deu primazia ao seu terceiro álbum Dirty Computer sem deixar de revelar a influência de Prince e mesmo de Michael Jackson na sua carreira.
No alto do seu trono deu voz aos movimentos feministas, anti Trump e anti discriminação como boa “mulher negra, queer, do Kansas” como a própria lembrou.
Para muitos isto continua a parecer um cenário de desastre, mas a verdade é que a enchente da noite estava totalmente direcionada para três tipos de Lawrenceville: Migos. Quavo, Offset e Takeoff formam o trio que é atualmente um dos nomes maiores do hip-hop norte-americano. São a cara de um hip-hop ostensivo atulhados de jóias, a voar em jatos privados, com maços de notas a sair dos bolsos e a vestir marcas da cabeça aos pés enquanto saem de clubes de strip. Fazem questão de o exibir. São tudo isso mas não param de produzir números 1 e conseguiram a proeza de ter 14 temas em simultâneo na Billboard Hot 100, empatando, imagine-se, com os Beatles.
Depois da devida intro com o DJ Durel é lançado o clássico I Got 5 On It e em menos de nada está lançada a histeria no recinto: lágrimas coletivas, saltos, cerveja pelo ar, fogo e fumo. Migos podiam não saber onde estavam mas tinham acabado de aterrar em apoteose no Meco. O alinhamento começou com MotorSport mas cada tema que lançavam gerava uma nova explosão no Super Bock. Walk It Talk It, Open It Up (com direito ao moche fácil que esta música pede), Stir Fry, T-Shirt, Bad and Boujee, Slippery, acreditem quando dizem que todas rebentaram no Meco.
Migos não estavam lá para grandes palavreados e prova disso mesmo foi a forma como acabou o concerto, desapareceram do palco para não voltar. Em menos de uma hora, chegaram, cumpriram, e foram embora.
O encerramento da noite ficou entregue à dupla britânica Disclosure que, pela opinião do público, parecem continuar a ser uma aposta segura por cá.
O Super Bock Super Rock volta a 16, 17 e 18 de Julho de 2020. Até para o ano 😉