De pazes feitas com os Korn – a reportagem no Campo Pequeno
Em Maio de 2016, no RiR a pipoca ficou por estalar; perdão, o concerto de Korn ficou atravessado no coração de muitos fãs. No passado dia 16 de Março, a banda regressou a Portugal e invadiu o Campo Pequeno. A Andreia Teixeira esteve lá, de caderno e caneta, para registar tudo e poder contar como foi; por sua vez, o João Salema fez-se acompanhar da sua máquina fotográfica.
Os fãs de Korn traziam ainda no coração as mágoas do ocorrido no passado mês de Maio, no Rock in Rio Lisboa. As piadas eram muitas e as expectativas ainda mais. Era o tudo ou nada neste concerto de apresentação do novo álbum The Serenity Of Suffering, lançado pela banda no final do ano passado. Tendo em conta tudo isto, a verdade é que já se tinham passado nove anos desde a última passagem destes senhores por terras lusas. A legião de fãs já merecia um concerto como o que vimos na passada quarta-feira no Campo Pequeno.
Com os californianos vieram os vizinhos texanos Hellyeah e os alemães Heaven Shall Burn, duas bandas que aproveitaram a embalagem para apresentar os seus novos trabalhos também lançados em 2016, Unden!able e Wanderer, respectivamente.
É de lembrar que os Hellyeah, embora já com dez anos de carreira, são sobretudo conhecidos por contarem com elementos de Mudvayne e Pantera no alinhamento. Entraram em palco alguns minutos antes do previsto e não conseguimos deixar passar ao lado o facto de na primeira música pouco termos ouvido da voz de Chad Gray. Os problemas técnicos foram gradualmente resolvidos e, mesmo com o Campo Pequeno a meio gás, esperava-se um pouco mais deste supergroup.
O público ficou a marinar enquanto via trocar os equipamentos de palco e Heaven Shall Burn contou já com um recinto quase cheio. A iluminação e o som melhoraram, mas estavam ainda longe do que se consideraria perfeito para uma banda de metalcore. Para prazer dos fãs presentes, ainda com o objectivo de nos apresentar Wanderer, os alemães não deixaram faltar os clássicos. Abriram hostilidades com Hunters Will Be Hunted e também a Voice Of The Voiceless foi muito bem acompanhada pelos fãs no recinto, em voz e movimento. Abriram-se os primeiros pits e sem demora pudemos ver o primeiro crowdsurfing da noite, com alguma pena dos que viam a acção da bancada. O frontman Marcus Bischoff não pôde deixar de mencionar que Lisboa continua a ser uma cidade linda.
Lá chegava o momento da noite e pouco faltou para o Campo Pequeno esgotar os lugares para este tão esperado regresso dos Korn. Ouvem-se sirenes. Atrás da cortina surgem os primeiros acordes de Right Now do álbum Take A Look In The Mirror. Cai a cortina e vemos seis músicos divididos por dois andares de palco. A partir daí, o público não vacilou por um momento ao acompanhar as letras e a voz tão característica de Jonathan Davis. Desta vez vieram munidos não só de som mas também de luz, que chegou e sobrou para acompanhar um concerto que durou cerca de uma hora e meia, e que bem podia durar o dobro. Desce o banner com a capa de The Serenity Of Suffering e Rotting In Vain não diminuiu a vontade de cantar da legião de fãs portugueses. Ficou claro que Portugal tem um lugar especial no coração da banda: houve lugar a pedido de desculpas sincero, por parte de Jon, em nome de toda a banda, acerca do que aconteceu há quase um ano.
Não deixa de ser engraçado que esta seja possivelmente a banda da actualidade com mais elementos portadores de rastas, e é como se conseguíssemos ver uma medusa em palco aquando do headbanging. Os cinco suspeitos do costume mostraram-se mais do que à altura e é de salientar a contribuição do teclista Davey Oberlin, que acompanha a banda nesta tour, e sem dúvida que um dos momentos altos do espectáculo foi o solo de bateria de Ray Luzier. Ouvimos Word Up!, Coming Undone com uma parte improvisada do mais do que clássico We Will Rock You pelo meio, Shoots And Ladders, Somebody Someone e um encore onde contámos com Falling Away From Me e, como não poderia deixar de ser, Freak On A Leash e segundo os fãs só ficou a faltar A.D.I.D.A.S como cereja no topo do bolo. Podem não ser uma banda de metal, como tantos dizem e como Jonathan também referiu em entrevista à TeamRock; mas são uma parte incontornável no repertório de muita gente e os seus espectáculos só contribuem para reforçar a posição de destaque que ocupam. Ficámos de pazes feitas com os Korn.
Edição de Joana Rita