O Passo Forte dos SAL no Maria Matos

O Passo Forte dos SAL no Maria Matos

Dizem os PAUS que «o fim é um princípio qualquer», pois os SAL provaram esta terça-feira no Teatro Maria Matos que esse princípio é altamente propício.

Anunciaram-se ao mundo em Março, lançaram o primeiro single em Abril e em Junho deram o primeiro concerto. Em Outubro saiu o disco de estreia, “Passo Forte”, já pela mão da Valentim de Carvalho, e eis que em Novembro se enche o Teatro Maria Matos, em Lisboa, para a sua apresentação oficial. O percurso é notável e não é coincidência: é urgente que a música dos SAL se faça ouvir.

Se a raiz é a música popular portuguesa, as camadas que se vão sobrepondo nas canções dos SAL vão oferecendo novas e interessantes perspectivas sobre o que pode ser essa música popular. Vão sem surpresas do rock mais introspectivo e directo ao assunto (‘Passo Forte’, ‘Do Que É Feito Este Chão’, ‘A Semente e o Pastor’) ao refrão mais pop e orelhudo (‘O Caçador’, ‘Profeta da Desgraça’), não sem piscar o olho a sons mais electrónicos e a experimentações com efeitos de voz, mas há ali sempre um elemento de raiz popular. Prova disso são a braguesa e os bombos que se fizeram ouvir toda a noite, ocasionalmente acompanhados por uma sanfona (pela mão da instituição Carlos Guerreiro), um adufe (por Rui Alves, outro dos convidados especiais da noite) e até um cavaquinho (empenhado por Beatriz Noronha, que juntamente com Lília Esteves formou coro ocasional).

Numa noite claramente especial para todos os que pisaram o palco, houve espaço para muita emoção entre canções, com menções a fases do percurso particularmente difíceis que o grupo atravessou. Momentos altos foram muitos, mas destacamos a versão de ‘Terra de Ninguém’, dos Gaiteiros de Lisboa, com Carlos Guerreiro, o belíssimo coro que se formou entre palco e público em ‘Viver’ (tema que inexplicavelmente não faz parte do álbum) e a despedida com a canção-hino-protesto que é ‘Não Sou da Paz’.

Durante tempos tão conturbados para todos, foi bonito assistir à prova de que apesar de tudo a amizade e a música serão sempre uma combinação vencedora. Sérgio Pires, João Gil, João Pinheiro, Daniel Mestre e Vicente Santos já deram início a uma história especial, e tendo em conta a qualidade e quantidade de temas apresentados no Maria Matos que nem sequer fazem parte do álbum de estreia, é seguro assumir que vêm aí muitos e bons capítulos. Vale a pena ficar atento aos SAL.

Teresa Colaço  

Tem pouco mais de metro e meio e especial queda para a nova música portuguesa. Não gostava de cogumelos mas agora até os tolera. Continua sem gostar de feijão verde.


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