Ney Matogrosso – um espetáculo que mexe e remexe!

Ney Matogrosso - um espetáculo que mexe e remexe!

Uns dos artistas mais controversos e radiantes da música brasileira passou pelo Coliseu do Porto no passado dia 3 de novembro. Com o seu espetáculo Bloco de Rua, este irmão do outro lado do Atlântico celebrou com grande euforia e vivacidade mais de 40 anos de carreira.

Muita tinta já fez escorrer este brasileiro cujo espetro musical vai desde o mpb, samba, baião, bossa nova, até ao pop rock. Que toda a personagem que encarna em palco foi controversa mas muito bem-vinda, também todos sabemos. O que nos despertava maior interesse era saber como estaria a vivacidade deste artista. Depois desta noite, é fácil concluir: Ney Matogrosso tem oficialmente 78 anos de idade, uma voz e veemência de 30 ou 40 e uma agitação corporal em palco de 18. Só por isto, já valeu a pena.

Assim que entrou em palco numa sala quase esgotada, revelou um “outfit” de lagarto dourado (que vai usar em toda a tourné) com um fecho que lhe cobria a cara. Abriu o mesmo e assim começou de rompante com a Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua. Num espetáculo eufórico, de forte vertente visual e instrumental, é impossível não parabenizar os restantes músicos que o acompanharam. A energia manteve-se em alta do início ao fim da atuação. Foi possível ouvirem-se canções como A Maçã, O Beco, Mulher Barriguda, Postal do Amor, Ponta do Lápis, Feira Moderna e até Álcool.

É pertinente acrescentar que, num espetáculo que não foi idealizado para o tempo do Brasil de Bolsonaro, a mensagem de Ney Matogrosso continua atual e talvez mais pertinente do que nunca. E é sempre um prazer ver alguém da “velha guarda” da música brasileira, entre e com canções, mostrar-se ainda tão jovem e vigoroso na mensagem de união e crítica ao sistema (sistema este que tenta fazer o oposto do que Ney entoa). Além disso, o público portuense voltou a ser excelente, é impossível aplaudir tão fervorosamente alguém que não se compreenda. Por isso Ney aqui será sempre bem-vindo!

 

N.R.: Esta reportagem é relativa ao concerto do Porto, mas as fotografias foram captadas no concerto de Lisboa.

Ana Duarte  

Consultora Musical na Fonograna e fundadora da webzine CONTRABANDA. Estudou Music Business na Arda Academy e Línguas, Literaturas e Culturas na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Tinha uns pais melómanos que a introduziram a concertos/festivais, ainda tinha ela dentes de leite. 3 décadas depois, aproveita para escrever umas coisas no ponto de vista de espetador melómano (quando a vida de consultora musical lhe permite).


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1 Comentário

  1. RITA DE FATIMA BUENO VICENTE diz:

    Ney não cantou Feira Moderna. Há algum tempo não está mais no repertório deste show.

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