☠️ Napalm Death + Deathrite + Besta: são tudo canções de Natal ?

☠️ Napalm Death + Deathrite + Besta: são tudo canções de Natal ?

Os britânicos Napalm Death regressaram ao nosso país e à capital para um concerto esgotado no RCA Lisboa a 11 de Dezembro.

Os britânicos Napalm Death são, além de lendas, um dos nomes maiores do metal extremo, cuja carreira fala por si. Já perdemos a conta ao número de vezes que os mestres do grindcore devastaram as salas do nosso país e esta noite em Lisboa não foi diferente. Mesmo sendo uma Segunda-Feira em Dezembro, o RCA foi pequeno para a multidão que se amontoava para mais uma noite de peso. Foi ao som de Apex Predator que os Napalm Death subiram ao palco, com uma pontualidade digna das suas origens e a partir daí a banda mandou, literalmente, a casa abaixo.

Sem qualquer mácula ou perdão a ser concedido a banda contou com um público feroz que se deixou levar pela agressividade de temas como When All is Said and Done ou Smash a Single Digit. Com um set escolhido a dedo e que foi percorrendo três décadas de existência, os Napalm Death não deixaram os seus créditos em mãos alheias e deram tudo de si, como já vem sendo habitual.

Shane Embury mantém-se impávido e sereno parecendo que o seu baixo tem o peso do mundo sobre si, enquanto que Mark Greenway continua a ser o frontman lascivo e incitador de uma multidão que insiste em não ter descanso. Por entre discursos mais ou menos politizados não foi de estranhar que, pelo meio, um fã surgisse de cabeça ensanguentada, sem que isso o parecesse incomodar. Minutos depois, já curado, o mesmo manteve-se fiel ao “stagedive”. Por esta altura já os clássicos Scum e Stubborn Stains tinham ecoado pela sala, mas a banda não mostrava quaisquer sinais de cansaço, mesmo apesar de algumas dificuldades de Greenway com o seu microfone. Nada que afectasse a sua prestação.

Falar de Napalm Death é falar, também, de Danny Herrera que, ao fim de todos estes anos, continua a ser um monstro atrás do seu “drumkit e é uma força vital no som dos ingleses. Como seria de esperar a banda deixou o melhor para o fim e, neste caso, estamos a falar da versão de Nazi Punks Fuck Off (versão dos Dead Kennedys) que levou o RCA ao êxtase. Nunca uma canção do passado fez tanto sentido no presente. Adversarial / Copulating Snakes fechou o concerto com chave de ouro e, uma vez mais, ninguém saiu indiferente de um concerto dos Napalm Death. São estes espetáculos que mudam uma vida, que nos fazem ter uma outra perspectiva. Os Napalm Death estão bem e recomendam-se. Tinha passado uma singela hora. Está marcado o regresso para o Moita Metal Fest em 2018 e cá os esperamos.

Já antes os alemães Deathrite tinham dado o mote para o que se seguiria. Com uma sonoridade que deve tanto ao grind como ao death, os alemães apresentaram-se a uma sala que os desconhecia (quase) por completo e essa foi a maior surpresa. Com algumas semelhanças com os Carcass, os Deathrite ganharam alguns seguidores no nosso território e, certamente, alguns curiosos também se deixaram levar pelas composições brutas dos alemães.

Aos Besta coube a “inglória” tarefa de abrir as hostilidades e a banda não se fez rogada e apresentou 35 temas do melhor grind que se faz actualmente em Portugal e arredores. Provocadores e demoníacos, os Besta são bestiais e foram uma boa forma de começar uma noite que não iria ser calma. O mote foi lançado pelos lisboetas e tudo partiu daí. O grind está vivo e recomenda-se. Esta noite foi a prova disso mesmo.

Nuno C. Lopes  

Melómano convicto, dedicado ás sonoridades mais pesadas. Fotógrafo, redactor, criativo. Acredita que a palavra é uma arma. Apesar de tudo, até é boa pessoa.


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