Frank Turner, aquele típico tio folk de Pub britânico
Um mês após o fim da tour de apresentação do seu 7.º álbum Be More Kind, decidiu finalmente sair de terras de Sua Majestade e brindar-nos com dois concertos únicos: um no Music Box em Lisboa a 8 de Março e outro no Hard Club no Porto no dia seguinte. Contudo, a aguardada estreia do artista em Portugal, apesar de celebrada por muitos, não nos encheu totalmente as medidas…
Frank Turner não é exactamente um novato na música – oficialmente a sua carreira já conta com 18 anos e 7 álbuns a solo. É um típico artista de folk (com alguma sonoridade a puxar para o punk) e considerado um dos artistas ingleses com mais êxito da última década, tendo já vendido mais de um milhão discos.
Sozinho, com uma T-shirt onde as palavras “Stay Soft Stay Brave” eram bem visíveis e num formato totalmente acústico, foi assim que nos apareceu na sala 2 do Hard Club. O entusiasmo do público era palpável, aliás, assim permaneceu do início ao fim. A boa disposição e conhecimento das letras por parte da audiência foram, sem sombra de dúvida, o ponto mais positivo da noite. Assim como a escolha de setlist de Frank Turner que percorreu temas principais como Recovery, Little Changes, The Way I Tend to Be, If I Ever Stray e tantos, tantos outros…
O problema principal residiu na falta entoação da voz do artista (que por vezes lhe falhou tanto nos graves como nos agudos) e a falta de mestria na própria guitarra, onde também falhou uns acordes. Não se fez notar como um artista que já tem quase duas décadas de carreira, mas sim como apenas alguém a tocar num pub inglês qualquer (ok, já sei, agora pareço o Simon Cowell). Mas foi mesmo essa a sensação que nos deixou.
Além de que é completamente impossível não fazer uma breve comparação com The Tallest Man On Earth, que recente deu um concerto magnânime e nós estivemos lá para comprovar. Tanto um artista como outro inserem-se, maioritariamente, dentro do mesmo género musical (apesar de terem pontos característicos distintos). A comparação reside no facto de terem vindo os dois sozinhos acompanhados apenas de uma guitarra, e a sensação com que saímos de ambos os concertos ser bastante diferente. The Tallest Man On Earth foi alguém que quisemos ouvir silenciosamente e poderíamos ter ficado ali horas; Frank Tuner foi uma espécie de tio fixe com quem bebemos umas cervejas e cantamos tudo com ele num estilo mais descontraído e não tão profissional.
O meu nome é Frank Turner, bem-vindos ao concerto 2312! Como podem ver, eu falo bem portugués, porém a minha pronúncia é f*dida.
No entanto, não deixou de se revelar carismático. Um traço que nunca cai em desuso entre variados artistas e é sempre bem-vindo. E a sua persistência em falar português foi louvável. Acho que nunca vimos um artista a esforçar-se tanto durante um concerto inteiro.
Desejamos que esta estreia no nosso país não fique por aqui e que, quando voltar, volte ainda com mais poder e magnitude, como nos habituou ao longo destes anos com os seus álbuns e EPs.
A primeira parte ficou a cargo de We Bless This Mess e Ducking Punches (o português Nelson Graf Reis e o britânico Dan Allen) que se juntaram também em acústico e aqueceram igualmente bem uma plateia, que também se mostrou muito conhecedora dos mesmos.