5 Set 2014 a 6 Set 2014

Festival F, 5 de Setembro o primeiro dia

Festival F, 5 de Setembro o primeiro dia

Faro, Farense, Festa, Formosa, Folia, Fixe, o F ficou por definir mas pouco importa, o Festival F chegou e invadiu Faro. Foram duas noites de ruelas lotadas, claustros acolhedores, palcos intimistas, animações de rua, demonstrações gastronómicas, arte e (excelente) música. Os ingredientes estavam reunidos para o que seriam duas noites marcadamente destacadas por registos acústicos e concertos humildemente contagiantes, com artistas da casa e outros de renome nacional, e alguns até internacional.

Vamos ser sinceros, tinhas algumas expectativas, mas eram muito baixas. Sabemos que Faro tem um potencial enorme para albergar um Festival com esta envergadura e ate maior, mas por norma novas iniciativas geralmente são sinónimo de pouca aderência, contudo e felizmente, registou-se uma forte afluência e possivelmente presenciamos (esperemos que sim), a primeira edição, de muitas edições, deste Festival na Vila a dentro do centro histórico da cidade de Faro.

Os vários artistas atuaram em cinco palcos espalhados pela cidade velha, um no Largo Afonso III – o palco principal, outro no espaço privado do estabelecimento O Castelo, outro nos Claustros do Museu Municipal, outro nos Claustros da Sé e outro num espaço designado por Quintalão, nas traseiras do museu municipal, aberto pela primeira vez ao público.

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Dia 1

A nossa peregrinação iniciou-se no Palco Claustros da Sé, espaço módico e intimista (palavra da noite), com João Cuña e sua Guitarra Portuguesa. O guitarrista, dono de um habilidoso dedilhar, conseguiu cativar os presentes através dos seus acordes narrativos de histórias vividas, foi interessante, mas confesso que havia outros palcos que aguardavam os nossos olhos e ouvidos.

nanook-5 Ver todas as fotos de Nanook no Festival F

Seguiu-se Nanook. Luz fusco em Faro quando Tércio Freire, sobe ao palco sozinho, uma espécie de “one man band” de blues e folk rock, para uma assistência tímida, num ambiente envolvente do Palco Museu. O açoriano nascido, farense por escolha, apresentou o seu recente álbum “Mundo XXI”. Munido de harmónica, viola, guitarra elétrica, kazoo e uma voz profunda e poderosa, rende sem pudor os olhares atentos. Com temas originais e outros remisturados, o artista partilhou experiências de vida e histórias de amor e desgostos. Definitivamente uma promessa no panorama de música nacional. Um artista a acompanhar.

JPSimoes_FestivalF14-3 Ver todas as fotos de JP Simões no Festival F

JP Simões seguiu-se no Palco Quintalão. Compositor português, outrora Belle Chase Hotel, sobe ao palco para uma plateia (as)sentada, num espaço deveras acústico e intimista. Concerto repleto de relatos nostálgicos e existencialistas, contos de viagens, amores e desencontros, ele é definitivamente uma referência da música portuguesa e cada trova apresentada carimba o seu lugar no quadro de honra da música portuguesa.

MundoPardo-10 Ver todas as fotos dos Mundopardo no Festival F

De volta ao Palco Museu para espreitar, Mundopardo. Teclas, cavaquinho, viola amplificada, guitarra elétrica e bateria e aí está, condições mais que suficientes para que este projeto musical, natural de Faro, brindasse o público com um estilo eclético, variando entre o rock e pop. Cheios de energia e talento, contudo, e digo pessoalmente, faltou um pouco mais para convencerem.

deadCombo_FestivalF14-1 Ver todas as fotos dos Dead Combo no Festival F

Com lotação esgotada e circulação apertada, praça cheia para ver Dead Combo. Problemas técnicos resolvidos, finalmente sobem ao palco, Tó Trips e Pedro Gonçalves para o que seria um dos grandes concertos, e nomes, do Festival F. Tela de fundo montada com projeções atmosféricas e estilo carregado de caráter, eles regressam com o mais recente disco “A Bunch of Meninos”, e nós agradecemos. O estilo rico de rock-flutuante hipnótico deste duo lisboeta agrada. Apesar do registo apenas instrumental sem vocal, é sempre um privilégio ouvi-los.

BlackMamba_FestivalF14-1 Ver todas as fotos dos The Black Mamba no Festival F

Entretanto começava noutro palco The Black Mamba, e para lá fomos (vida de festivaleiro, saltar de palco em palco). Após um caminho pelas ruas congestionadas, e filas gigantes para comes e bebes, enfim chegou-se ao Castelo. Pedro Tatanka (voz e guitarra), Ciro Cruz (baixo) e Miguel Casais (bateria) são a núcleo dos The Black Mamba que leva-nos numa viagem vibrante a batidas e sons comparáveis ao soul, blues e funk.
Com uma fita de índio no cabelo, cigarro na boca, voz e estilo irreverente, o Tatanka comanda o palco e esbanja talento, porém, e na minha opinião, faltou-lhes sapiência para puxar um pouco mais pelo público. No entanto, do que vi gostei, (gosto deles) é impossível ficar indiferente.

Antes que iniciasse o cabeça de cartaz da noite, ainda demos um saltinho ao Quintalão para ver Samuel Úria. Igual a si próprio, apresentou-se num registo acústico e intimista. Um concerto tranquilo, cheio de boa gente, que ouviam, cantavam e acompanhavam, as histórias melodiosas deste artista Tondelense que magnetiza qualquer ouvido mais distraído.

Aproximava-se a hora do início da cabeça de cartaz da noite, The Legendary Tigerman, e palco principal connosco.

TheLegendaryTigerman_FestivalF14-1 Ver todas as fotos de The Legendary Tigerman no Festival F

Raramente Faro recebe artistas como Legendary Tigerman, alter ego do português Paulo Furtado! Músico de blues e rock elétrico, ninguém fica indiferente. Furtado que entre tocar guitarra, harmónica e bateria sozinho em palco, ainda usa vários microfones para efeitos, pedais de percussão, instrumentação eletrónica e até Kazoo para reproduzir sons ondulantes para conferir um rock sensual com toque lascivo aos seus temas.

Acompanhado por curtas-metragens que encaixam na perfeição cada decibel ouvido, e em nada ficam atras da música, o homem-tigre confere um ambiente quente ao local e cria uma excelente interação com o (bastante) público presente. Durante a atuação, juntou-se em palco João Cabrita nos sopros e o Paulo Segadães na bateria.

É impossível ficar parado ao som deste génio.
Furtado termina em beleza com “21st century Rock n Roll” saltando para cima da bateria, estilo revival dos tempos áureos do grunge. Com um show deste calibre, a promessa de continuar a agitar os fãs, não só por terras nacionais, mas também além-fronteiras, será garantido.

A noite termina no Palco Castelo com Diego Miranda a aquecer o resto da noite.

Margarida da Silva  

Surfista virtual, intelectualmente idiota, amante de musica e curiosa. Não tenho nenhum talento musical, nem percebo nada de musica. Costumo afirmar: "Eu sei cantar, agora se (en)canto bem, isso já é outro assunto!" ;) Formada em Turismo, para possibilitar melhores peregrinações nas minhas odisseias festivaleiras. Concerto que mudou a minha vida, Rage Against The Machine, no SBSR 1997, desde então, virei festivalodependente. Sou antípodiana.


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Mais sobre: Dead Combo, João Cuña, JP Simões, Mundopardo, Nanook, Samuel Úria, The Black Mamba, The Legendary Tigerman


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