Vamos começar a sonhar com 2017 – o quarto dia do Vodafone Paredes de Coura
Ao entrar no recinto do Festival Vodafone Paredes de Coura a recepção era feita com uma mensagem no pórtico: “Começa a sonhar”. Para muitos, fazer parte deste festival foi mesmo um sonho que se tornou realidade. E agora? É hora de balanço e de começar a sonhar com a próxima edição, em 2017.
A banda The Last Internationale começou o seu concerto à hora marcada: 18h30. Nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. E que bem que o rock (e outras coisas) de Delila Paz e Edgey Pires soaram pelo anfiteatro natural do Paredes de Coura. A banda surge em 2013 e é conhecida pelas suas actuações cheias de energia e com uma declarada intenção de protesto social. “Esta música é sobre a revolução”, gritou Edgey Pires, anunciando mais um dos temas da banda que se apresenta, em palco, com uma imagem forte a servir de pano de fundo: “Este banner mata fascistas”. Não é a primeira vez que estão em Portugal – ainda em Setembro de 2015 tivemos oportunidade de os fotografar. Há aqui uma relação de intimidade assumida com o nosso país, já que Edgey tem família em Arcos de Valdevez. O último tema que a banda tocou em palco teve como pano de fundo imagens sobre o 25 de Abril de 1974. Paz é a palavra de ordem.
Vê todas as fotos dos The Last Internationale no Vodafone Paredes de Coura
Ali mesmo ao lado, no palco Vodafone.FM Filho da Mãe & Ricardo Martins davam início ao seu concerto – e que concerto. A energia era brutal; aliás, durante algum tempo foi possível ter The Last Internationale e Rui Carvalho e Ricardo Martins a tocar ao mesmo tempo. Ou seja, energia e boas malhas a dobrar.
Domingos, Francisco, Manuel, Salvador e Tomás aka Capitão Fausto foram protagonistas de um dos grandes momentos desta edição do Paredes de Coura. Houve lugar a muito, muito mosh e muito, muito crowd surf. À parte disso, não podemos esquecer que falamos de uma das bandas que mais sucesso tem feito, nos últimos tempos. A sua popularidade empurrou-os para os cartazes dos grandes festivais de verão onde são sempre recebidos por multidões que já sabem as letras todas de cor. Gazela, Pesar o Sol e Capitão Fausto Têm Os Dias Contados são os títulos dos álbuns da banda que já anda nestas lides desde 2011.
Não podemos deixar de tecer aqui um elogio à equipa de seguranças que trabalhavam junto ao fosso e que contribuíram para que o crowd surf corresse de forma tranquila, sem incidentes, durante todo o festival. E acreditem que neste aspecto, não houve mãos nem braços a medir, por parte destes profissionais.
Vê todas as fotos dos Capitão Fausto no Vodafone Paredes de Coura
Os russos Motorama voltaram a tocar em Paredes de Coura: recordamos que durante a tarde foi possível ouvi-los no junto ao miradouro da Capela da Nossa Senhora da Pena.
“It’s so good to be back with all of this beautiful people” – eis a forma como The Tallest Man on Earth recebeu o recinto que o aguardava, cheio, em frente ao palco principal. A noite já tinha chegado e Kristian Matsson e a sua voz única e melodiosa trouxeram uma banda sonora bonita para se ver, ouvir e sentir. Muitos dos festivaleiros escolheram sentar-se no chão e mergulhar no indie folk que Kristian traz consigo, directamente da Suécia. A verdade é que a grandeza deste cantor e compositor não se mede aos palmos.
Vê todas as fotos dos The Tallest Man on Earth no Vodafone Paredes de Coura
No palco Vodafone.FM aconteceu a estreia dos Cigarettes After Sex em terras lusas. Greg Gonzalez arrebatou corações com temas como Keep on loving you. O recinto revelou-se curto para tanta gente, o que confirma uma das nossas suspeitas: estamos perante uma banda já cumpre os requisitos para estar no palco principal. Esperamos que não tardem em voltar a Portugal; afinal, em Novembro vão andar em tour e Portugal até fica em caminho entre o Reino Unido e a Holanda.
Na sequência do grande dia que se viveu em Paredes de Coura, o colectivo Portugal. The Man não foi excepção e agarrou o público logo no primeiro tema. Este era um regresso aguardado por muitos: a banda esteve neste mesmo festival, na edição de 2009. Na sua página de facebook encontramos a definição groove, soul, grime, stuff no que ao género de música diz respeito. Definições à parte, a banda chegou e cumpriu na transição que lhes era exigida entre Cigarretes after sex e CHVRCHES. Houve ainda lugar a uma viagem no tempo, para a conhecida música dos Oasis, Don’t look back in anger.
É costume dizer-se que domingo é dia de missa: tecnicamente os escoceses CHVRCHES tocam já no domingo, pela 01h00. A banda é composta por Iain Cook, Martin Doherty e Lauren Mayberry – estamos, mais uma vez, na presença de repetentes neste Festival. Afinal, não são só os festivaleiros que não se negam a voltar: as bandas que por aqui passam também sentem o chamamento do regresso e da comunhão. Lauren estava imparável, em cima do palco – e sobretudo feliz por voltar. O palco é dela: pela voz e pela forma como se movimenta de um lado para o outro, criando verdadeira empatia com o público.
Fica uma curiosidade: há dias, observei e partilhei com o Pedro, um colega de outro meio de comunicação social, alguma curiosidade sobre o nome da banda – que apresenta um V no lugar do U (nota: o nome lê-se churches). Após entrevista com a banda, o colega partilhou connosco que a opção tem em conta a necessidade de facilitar a pesquisa da banda nesse grande mundo que é a internet.
Vê todas as fotos dos CHVRCHES no Vodafone Paredes de Coura
Durante o último dia do festival Paredes de Coura houve lugar à confirmação da próxima edição, a 25ª. Foi também o dia em que nos apercebermos do surto de gastroenterite que fez com que o Festival fosse notícia, sem que a razão para tal tivesse alguma coisa a ver com música. À hora de fecho deste artigo as notícias avançadas pela organização indicavam que a situação estava controlada e que as causas estavam a ser apuradas.
Nestas lides dos festivais os números também servem de bitola para ponderar o que correu bem e o que pode ser melhorado. Segundo dados da organização, nestes quatro dias de festival, passaram pelo Vodafone Paredes de Coura cerca de 100 mil pessoas. A edição não esgotou, mas esteve muito perto disso. Os nova-iorquinos LCD Soundsystem trouxeram cerca de 24 mil pessoas ao recinto, para um concerto memorável.
Para esta vossa equipa musicfest.pt a experiência em Paredes de Coura será difícil de esquecer. A vila é muito bonita e o anfiteatro natural onde os concertos se desenrolam é tão especial que se torna muito difícil comparar este festival com qualquer outro. Percebemos agora – eu e o Marco – o motivo pelo qual o nosso colega Pedro Gama é presença assídua neste evento – seja em trabalho ou em puro lazer.
Em 2017 há mais: de 16 a 19 de Agosto, o Couraíso volta a abrir as suas portas à música.