14 Ago 2014 a 17 Ago 2014

Cem Sons & Bons Soldos – O primeiro dia do festival onde uma aldeia se fecha para se poder abrir à música (e ao mundo)

Cem Sons & Bons Soldos - O primeiro dia do festival onde uma aldeia se fecha para se poder abrir à música (e ao mundo)

O Festival Bons Sons teve início na quarta feira, dia 13, pelas 22h15, com a noite de recepção ao campista. O pontapé de saída foi dado pela dupla Miguel Quintão e Álvaro Costa, os Bons Rapazes, que conhecemos sobretudo da Antena 3, e da música com carimbo portuense,  partilhada a seis mãos, os Holy Nothing.

Os campistas tiveram oportunidade de se instalar e de começar a “viver a aldeia”. Aquilo que torna este festival único é a possibilidade de o podermos respirar no interior de uma pequena aldeia, a cinco minutos de Tomar.

Foi com esta expectativa que viajei de Lisboa até Cem Soldos, para conhecer o Festival Bons Sons, a aldeia e os sorrisos de quem cá mora. Sendo eu própria habitante de uma aldeia, desde que nasci, estava convicta de que me iria sentir em casa. Não me enganei: a roupa estendida no arame, os cães a passear, os bancos de jardim com senhores (com idade para serem meus avós) em amena cavaqueira.

ambiente 4 (1)

O largo junto à Igreja e o café, o mini mercado e a vontade de dizer boa tarde a todos aqueles com quem me cruzava: sem dúvida, eu estava em casa. De tal forma que assim que coloco um pé dentro da área delimitada para o Festival, encontro o Daniel Cardoso, a preparar o seu espaço de restauração Le Moustache Sir, onde podemos comer “tudo no caco”. Aliás, aqui podemos mesmo comer de tudo: uns metros mais à frente temos um espaço de alimentação biológica, para quem não dispensa um bom naco de tofu ou uma sobremesa de soja. Descansem, também há petiscos tradicionais, pizzas e até porco no espeto. Passemos agora ao menu do dia, no que a música diz respeito.

restaurante no caco

O cartaz de quinta feira incluiu vários artistas, espalhados pelos oito palcos do festival. A tarde começou com a exibição do filme “Quem manda aqui sou eu” , que teve lugar no auditório. Trata-se do documentário de Tiago Pereira, d’A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, parceiro do Bons Sons e responsável pela programação do palco junto e no interior da Igreja de São Sebastião. Foi nesse mesmo palco (MPGDP) que assistimos à actuação dos Vira Casaca, que contagiou o público com muita energia.

Deste primeiro dia, destacamos o concerto dos Ciclo Preparatório, no palco MPAGDP, pelas 18h. O público acompanhou bem a banda, formada em Março de 2012, que se intitula “grupo coral especial rural-chique delicodoce”.

Peixe no palco Giacometti

Peixe, conhecido do público por ter sido um dos membros fundadores dos Ornatos Violeta, subiu ao palco Giacometti para nos brindar com algumas das suas músicas do seu repertório, vasto no que respeita à composição de bandas sonoras para teatro e cinema, bem como do seu album Apneia, editado em 2012.

Mais tarde, o palco Eira foi invadido pela Azáfama: Cachupa Psicadélica + Capitão Capitão + Vitorino Voador. Uma espécie de “caos orquestrado” que marcou a diferença no alinhamento.

Muito aguardada era a subida ao palco Giacometti do cantautor JP Simões, de quem o público esperava ouvir as músicas do seu último album, Roma, editado em 2013. Sozinho em palco, JP brindou o público com músicas suas e não só – Eleanor Rigby, dos Beatles também marcou presença numa noite que chegou algo fria. Infelizmente o público não colaborou com o cantor e quem estava no cimo do “recinto” tinha alguma dificuldade em usufruir do concerto, tal não era o ruído de fundo causado pelas conversas que as pessoas iam tendo umas com as outras.

A noite foi ainda marcada pelos Prémios Megafone 2014. Trata-se de uma parceria do Festival com a Associação Megafone 5, um projecto sem fins lucrativos que visa comemorar e divulgar as ideias do músico português João Aguardela.

A noite terminou animada pelos concertos d’Os Capitães da Areia e dos Galandum Galundaina. Com o frio que se sentia, o público teve oportunidade de se aquecer com os bons sons que ecoaram madrugada dentro.

Até agora, a  tarefa mais difícil deste festival consiste mesmo em encontrar um wc que esteja em condições de utilização. A alternativa passa por diminuir o consumo de líquidos e, por conseguinte, o uso da caneca (ou púcaro, como se chama na minha aldeia) reutilizável, que encontramos penduradas nas mochilas ou nos cintos dos festivaleiros.

ambiente 4

Um conselho para quem vem a Cem Soldos nos próximos dias: optem pelo transfer, que se revela uma opção confortável e em conta (bilhete de ida e volta – 1 euro), evitando os (ab)usos de estacionamento nos parques em redor da aldeia.

O dia 15 de Agosto promete música para crianças e sons (bons e) variados: Anarchicks, Gisela João, Capicua e Samuel Úria são nomes que prometem dar vida ao Festival Bons Sons.

Joana Rita  

Joana Rita é filósofa, criadora de conteúdos, formadora e investigadora. Ah! E uma besta muito sensível.


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