Backstreet Boys: de meninos de poster a cantores de valor

Backstreet Boys: de meninos de poster a cantores de valor

26 anos depois de serem o poster mais desejado da Bravo, os Backstreet Boys fizeram um regresso triunfal na noite de 11 de maio perante uma Altice Arena, em Lisboa, completamente cheia para receber o pontapé de saída da atual DNA Tour.

“Haters gonna hate”, já diz a canção, mas desengane-se quem achava que no concerto dos Backstreet Boys havia material para memes ou para piadas sobre o desempenho dos rapazes que fizeram furor nos anos 90.

Agora dirigida a um público que estará pelos seus 40 e poucos anos, a boyband consegue um extraordinário equilíbrio entre sensação e nostalgia, combinando uma pop poderosa e colorida com as suas eternas baladuchas, sempre orgulhosos do que estão a fazer e sempre a serem muito aplaudidos.

Depois de uma muito bem-sucedida residência em Las Vegas, que lhes valeu uns quantos milhões de euros a mais nas contas bancárias, os BSB começaram na Altice Arena a sua maior digressão mundial em duas décadas de apoio ao mais recente álbum, DNA.

A Altice Arena, na sua quase totalidade de smartphone em punho, ali se manteve firme e com os costumeiros gritinhos (embora não tão adolescentes) que foram aumentando em proporção na mesma escala em que os cinco rapazes iam descendo da escadaria onde apareceram inicialmente.

I Wanna Be With You e The Call deixaram logo bem claro que nem só de álbum novo viveria esta noite de revivalismo. Grupos de amigas – antigas colegas de secretária de escola, talvez? – juntavam-se e abraçavam-se à medida que se iam deslumbrando com o regresso da banda. Aposto que antes da última mudança de casa ainda resistiam os dossiês encadernados com fotografias de AJ McLean, Howie Dorough, Brian Littrell, Nick Carter e Kevin Richardson.

As coreografias clássicas mantêm-se impecáveis, os chapéus continuam a fazer parte do look que não fugiu, lá mais para o final, à moda da cor integral da cabeça aos pés – no caso, o branco foi a escolha.

O que aconteceu a Alexander James McLean? A boa surpresa é-nos mostrada ao som de Don’t Want You Back, do álbum Millennium, de 1999, interpretado com um vozeirão que “obriga” a algum silêncio para se escutar – mais do que simplesmente ouvir ou dançar.

“Obrigada, vocês são lindos e é por vossa causa que estamos aqui” diz um Brian Litrell com sorriso de orelha a orelha antes de se ouvir uma das canções que integra o mais recente álbum DNA; Nobody Else. O novo disco apresenta-os como homens de família, “casados e pais de filhos” que, teoricamente, faria deles peças descartáveis no mundo da pop mas, uma vez mais, tal não se comprova e voltamos a vibrar com uma interpretação impecável de Get Down (You’re The One For Me).

Seguidamente, uma lua vermelha numa floresta noturna surge nos ecrãs e o álbum mais recente volta a dar um “ar de sua graça” com Chateau e novo mergulho aos hinos dos anos 90 com Show Me The Meaning Of Being Lonely. Volta a haver lágrimas e abraços enquanto se lembra aquele coração partido antes do teste de Filosofia do 9.º ano ao som de Shape of My Heart.

Os BSB estão entradotes, e eles sabem disso, o que só lhes confere ainda mais charme ao invés de se armarem em Peter Pans fajutos. “Houve uma altura em que eram vocês que nos mandavam cuecas para o palco”, disse um divertido Kevin Richardson, o mais velho dos Backstreet Boys (hoje com 47 anos), antes de, acompanhado apenas por AJ Mclean (sou só eu a achar que Nick já não é o mais giro mas sim AJ?) para o seu solo, protagonizarem eles uma espécie de strip tease, ainda que escondidos atrás de biombos, mas a trocarem de roupa ali mesmo em palco. Dizem-nos que a energia de Portugal é tudo o que precisavam para esta digressão e oferecem-nos Quit Playing Games With My Heart e As Long As You Love Me.

A harmonia perfeita entre estes fab five volta a comprovar-se quando, ao entrarem numa plataforma elevatória que os deixa acima das nossa cabeças, entram num registo a capella para vários temas, entre eles um I’ll Never Brake Your Heart muito emocionante com imagens deles próprios nos seus imberbes 18 aninhos de uma fama a nascer. All I Have to Give assinala o abandono das baladas para se voltar à festa e à dança.

Ecrãs com caveiras em arco-íris, luzes e mais luzes, brilhos e novo guarda-roupa e eis que uma das mais aguardadas músicas começa a ouvir-se: Everybody (Backstreet’s Back) – caramba, as coreografias são tão boas – e We’ve Got It Goin’ On.

Um pequeno cartaz a dizer “Obrigado” é empunhado e percebemos que o espetáculo está a chegar ao fim (com muita pena, diga-se).

Estamos todos com mais uns aninhos em cima, é normal, e estamos todos felizes com o espetáculo a que aqui se assistiu. Todos voámos para outros tempos, todos fizemos karaoke e todos nos esquecemos de que estamos em 2019.

Daniela Azevedo  

Jornalista, curiosa sobre os media sociais, viciada em música, gosta da adrenalina do desporto motorizado. Amiga dos animais e apreciadora de dias de sol. Acha que a vida é melhor quando há discos de vinil e carros refrigerados a ar por perto.


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