Vamos Falar de Doces – The Jesus and Mary Chain no Coliseu de Lisboa

Vamos Falar de Doces - The Jesus and Mary Chain no Coliseu de Lisboa

Quando os escoceses se reuniram, a euforia instalou-se entre os fãs que não esperavam ver a banda, de novo, ou pela primeira vez, depois do seu término em 1999.

O concerto de reunião no NOS Alive, em 2015, onde tocaram na íntegra o seu álbum mais icónico Psychocandy foi de uma beleza e emoção que até hoje é abordado em conversas e não saiu dos corações de ninguém que lá esteve presente.

Pensava-se impossível superar aquele momento. No entanto, em 2017, os The Jesus and Mary Chain juntaram-se ao cartaz do EDP Vilar de Mouros no mesmo dia de Primal Scream, a banda de Bobby Gillespie, ex-integrante que se juntou a eles em palco, num momento histórico, para tocar percussão no Just Like Honey, como o fez nos anos 80. Os olhos marejados pelo privilégio de viver esse momento foram muitos, incluindo os meus.

E agora, como superar esse também?

Não será possível, mas o estatuto dos The Jesus and Mary Chain não merece disputa sobre querer ou não ir ver outro concerto deles, vai-se. Não há ponderação.

E, assim, recebeu o Coliseu de Lisboa, ontem, dia 28 de Maio de 2018, mais um espectáculo da banda de Glasgow.

Foquemo-nos noutros aspectos. Nos concertos anteriores assistimos a uma banda ainda presa aquilo que os fãs revivalistas queriam ouvir, era óbvio, era o que havia e o que tinham para dar. Mesmo deixando temas menos conhecidos e superiores, de fora. Desta feita isso já não aconteceu. Premiaram-nos com um concerto que navegou por diferentes álbuns e onde o Just Like Honey foi um pequeno rebuçado, despido das últimas estrofes, só para adocicar alguma ansiedade dos fãs. Os longas Darklands, Munki ou Damaged and Joy, e mesmo Automatic, estiveram presentes na setlist escolhida.

Os músicos alinhados em palco como uma parede entre o vídeo que projectava o logotipo da banda e o protagonismo de boca de palco de Jim Reid, mesmo com a contra luz a mostrar somente a silhueta do tímido frontman, que assim se assumiu das poucas vezes que se dirigiu ao público, não fez perder o entusiasmo, antes pelo contrário, temas como Darklands ou All Things Pass foram dos mais aclamados, e surpresas como War on Peace, Reverence ou I Hate Rock ‘n Roll, canção com que fecharam o concerto, fortaleceram a actuação e a participação do publico mais fiel a demonstrar maior entusiasmo.

The Jesus and Mary Chain serão sempre uma banda de culto, competente e transversal. Apesar do seu último trabalho não ser tão apelativo, o que fizeram pela história do pop gótico, do shoegaze ou do pós-punk nunca será esquecida.

Voltem sempre.

Vera Rodrigues  

Editora e produtora de conteúdos do Veracity Music. Especializada em entrevistas e reviews de concertos e festivais.


Ainda não és nosso fã no Facebook?


Mais sobre: The Jesus and Mary Chain

  • Partilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *