Uma noite para recordar, contar e recontar – Kiss e Megadeth no Estádio Municipal de Oeiras

Uma noite para recordar, contar e recontar – Kiss e Megadeth no Estádio Municipal de Oeiras

Foi preciso esperar mais de 30 anos para voltar a ver os intemporais Kiss pisar território português. O regresso da banda fez-se no primeiro dia do Legends of Rock, no Estádio Municipal de Oeiras, e nem nós conseguiríamos sugerir melhor do que Megadeth para partilhar com eles o fardo de uma noite que se avizinhava memorável. E foi assim que, na passada terça-feira, 10 de Julho, nos deslocámos até Oeiras para receber dois nomes de peso no que respeita ao rock e ao metal.

Entre as primeiras surpresas da noite esteve o facto de a entrada no recinto se fazer por uma única porta, o que rapidamente criou uma interminável fila e fez com que parte considerável dos presentes chegasse apenas a tempo de assistir aos últimos temas de Megadeth. Ainda assim, conseguimos entrar a tempo e horas num recinto já bem composto, e fomos devidamente recebidos pelos destemidos acordes de Hangar 18, do álbum Rust In Peace. Sete anos sem Megadeth em Lisboa pareceram uma eternidade, o que só contribuiu para que desde cedo ficasse claro o entusiasmo e vontade de acompanhar a plenos pulmões aquela que seria uma curta viagem através dos seus 35 anos de carreira.

Sem grande surpresa, confirmamos que as cordas vocais de Dave Mustaine em muito contam com o apoio do público para que a tenacidade e intensidade dos temas se mantenham. Com especial ênfase nos primeiros anos, não faltaram temas como Tornado of Souls, The Conjuring, Peace Sells, Sweating Bullets e, claro, o eterno clássico Symphony of Destruction. A competência de David Ellefson e Dirk Verbeuren, a presença e os solos de Kiko Loureiro, e os vídeos que acompanharam toda a actuação, garantiram um concerto memorável e a certeza de que a banda de thrash metal ainda tem muito para dar.

Holy Wars… The Punishment Due em Oeiras encerrou esta tour e a primeira parte da noite a chave de ouro, com a promessa de um breve regresso e a confissão de que o regresso a casa seria também um regresso ao estúdio, para a gravação de um novo álbum.

O acontecimento da noite seria então o regresso dos incontornáveis Kiss, 35 anos depois da sua passagem pelo Dramático de Cascais, que marcou também uma fase da sua carreira onde as lantejoulas e a maquilhagem não faziam parte do menu. A expectativa era mais que muita e já durante o soundcheck se sentia a calorosa reacção do público aos acordes reconhecíveis. É com Deuce que vemos a bateria subir numa plataforma elevatória, ligam-se os ecrãs, há painéis de luzes e dá-se pela presença de lança-chamas e fogo de artifício em palco; estava tudo montado para que se testemunhasse uma noite memorável. A banda reforçou ainda, caso houvesse dúvidas, “So, if you want the best, you’re having the best!”

Entre as primeiras palavras dirigidas aos presentes esteve um caloroso e audível “Boa noite!”, em bom português, onde Paul Stanley aproveita para revelar a sua felicidade por estar de volta a Portugal. A partir daí entrou-se numa verdadeira montanha russa de emoções e o sentimento comum daquela plateia transparecia pelos inúmeros sorrisos que se viam nas caras, até dos mais cépticos, do início ao fim. Foram quase duas horas de música, onde todos os elementos da banda nos relembraram que velhos são os trapos. Como também manda a tradição, houve tempo de antena para cada um dos instrumentos e as constantes interacções entre banda e público aumentaram o saldo positivo, já mais do que aprovado pela setlist de luxo. Numa dinâmica imparável, sobrou tempo para deixar soar as sirenes em Firehouse e ainda ver Gene a cuspir fogo e sangue.

Nesta noite ouviu-se Shout It Out Loud, Say Yeah, I Love It Loud, Calling Dr. Love e Lick It Up. Como se tudo isto não bastasse, todos acompanharam I Was Made For Loving You do início ao fim e pudemos ver Paul Stanley a voar entre palcos através de slides durante Love Gun.

Mais uma vez presenciamos uma banda onde se contam mais de 40 anos de carreira com energia suficiente para dar uma verdadeira lição aos novatos, sobretudo no que toca a entretenimento. Stanley continua a ser um simpático e energético anfitrião, Simmons e a sua enorme língua ainda merecem um lugar de destaque, e Thayer e Singer respondem à chamada a 300%. Foi sem dúvida um momento especial assistir à actuação de uma banda cujos anos parecem não ter passado por ela.

Para o encore trouxeram Cold Gin, Detroit Rock City e Rock and Roll All Nite, onde dois canhões de confettis, acompanhados pela nova subida das plataformas elevatórias e fogo de artifício, voltaram a estampar sorrisos na cara de todos os presentes. Uma noite para recordar, contar e recontar, pelo menos enquanto na cabeça ficar a lembrança e a voz entoar refrães involuntariamente.


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