Tindersticks, 30 anos a incendiar corações

Tindersticks, 30 anos a incendiar corações

Os britânicos Tindersticks regressaram a Portugal nos dias 13 e 14 de maio no encerramento da digressão do 30º Aniversário – com Orquestra e Convidados.

Os espetáculos acontecem após o lançamento em março de Past Imperfect: The Best Of Tindersticks ’92–’21 e a escolha de Lisboa e Porto para o fecho da digressão assinala simbolicamente a excelente e longa relação da banda com o público português.

Num espetáculo marcado pela sobriedade, a banda de Stuart Staples foi recebida nesta sexta feira 13 por um Coliseu dos Recreios ansioso pelo reencontro que a Covid-19 fez tardar.

Willow, que integra a banda sonora do filme de Claire Denis, High Life, marcou o início da viagem pela discografia da banda de Nottingham. Seguir-se-iam dois temas de The Something Rain(de 2012) : A Night so Still e Medicine e dos álbuns homónimos pudemos então escutar She’s Gone, Sleepy Song e Her, este último já acompanhado pela orquestra de cordas que veio dar uma roupagem ora mais dolente, ora mais vivaz aos temas escolhidos para esta digressão comemorativa de três décadas de carreira.

Na sala, um público atento, porém contido, seguia o espetáculo guardando a primeira ovação para Another Night In, de 1997. No palco, também Stuart Staples, igual a si próprio, dirigia as operações com a descrição a que habituou o seu público. Sempre parco em palavras que não as dos poemas interpretados não deixou, contudo, de cumprimentar o auditório reforçando o quão agradados estavam por estar de volta a Portugal, adiantando um “maybe we’ll say something more”, após mais dois temas de TindersticksCity Sickness e My Sister.

Eis que da “Sala de Espera” nos chega How he Entered cuja aparição deixa, mais uma vez, completamente rendidos todos os admiradores desta faceta do vocalista em que o cantor parece ceder lugar a um magistral ‘diseur’ que abre caminho a Trees Fall e o bem-disposto Pinky in the Daylight com os finais de frase bem sublinhados pela orquestra, que pôs toda a sala a cantarolar.

De 2019 regressamos a 2021 com Both Sides of the Blade seguido do velhinho Johnny Guitar (‘Peggy Lee cover’) amplamente aplaudido e antecedendo a entrada da convidada desta noite: trata-se de Gina Foster, cuja voz se harmoniza com a de Staples na interpretação de Travelling Light, My Oblivion e Show Me Everything. Com a saída da cantora anuncia-se o final do concerto com o líder da banda a reforçar o apreço por estarem de volta ao nosso país e talvez para “terminar” com chave de ouro, escutamos For the Beauty.

Diz o contrato não escrito destas coisas que banda que se preze volta ao palco, sobretudo se for tão aplaudida quanto os lisboetas aplaudiram The Tindersticks esta noite e, fosse porque fomos um excelente público, fosse porque este é o penúltimo espetáculo da digressão ou porque este é apenas mais um capítulo de uma grande história de amor, neste treze de maio tivemos direito não a uma, mas duas reaparições. Gina Foster regressa com a banda para o já adulto Sometimes it Hurts (de 2003), Harmony Around My Table, e o imprescindível Tiny Tears.

Perante um Coliseu inamovível For those… faria as honras de encerramento, selando a promessa de que The Tindersticks e o seu público português jamais se perderão.

Carla Flores  

A repórter de guerra sonhada aos 10 anos deu lugar à professora de inglês que se dedicou a outras lutas, como a da promoção da leitura e a aquela coisa do "ah e tal, vamos lá mudar o mundo antes que ele nos mude!


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