Tarja Turunen na Aula Magna – A reportagem
A noite de sexta-feira estava chuvosa e pouco apelativa para se andar na rua, mas isso em nada impediu a zona da Aula Magna de se revestir de preto desde cedo… Afinal já merecíamos este regresso de Tarja Turunen aos nossos palcos.
Pouco passava das 20h00 quando as portas abriram e em pouco tempo compôs-se a sala. Eram 20h30 em ponto quando os The Shiver subiram ao palco e nos brindaram com o seu dark rock alternativo. Tocaram pouco tempo mas foi o suficiente para perceber que estes italianos tinham algo de diferente. Simpáticos e com um som mais electrónico do que estaríamos à espera, não só tocaram temas do seu último álbum “The Darkest Hour” como ainda tivemos direito a uma excelente cover da tão aclamada “Love Will Tear Us Apart” dos Joy Division.
Entre trocas de bandas houve também tempo para uma troca de banners em palco, desta vez onde podíamos ver o nome do álbum de estreia dos Sinheresy, “Paint The World”. Sabendo que iniciaram carreira como banda de covers dos Nightwish, não foi estranho reconhecer-lhes alguma familiaridade no som. Entraram em palco com um caloroso “Boa noite, Portugal!” e partilharam connosco a felicidade por estarem em Lisboa pela primeira vez. Uma voz feminina e outra masculina trazem certamente um contraste interessante e encaixaram muito bem num grupo de músicos cheios de energia. Foi algo contagiante ver o baixista e o guitarrista aos saltos pelo palco durante todo o espectáculo e ainda contámos com a apresentação de um novo tema da banda, com o título “Without A Reason”.
Chegava então o momento mais aguardado da noite. Embora já fosse claro que esta se tratava de uma noite dedicada a divas, nada fazia adivinhar o que Tarja nos trazia. Já com a sala cheia, segundo consta quase esgotada, a ansiedade era palpável. Entram os cinco músicos em palco, podíamos ver já algumas pessoas de pé e do início ao fim a sala encheu-se de emoção.
Tarja entra em palco e a Aula Magna responde em peso, estamos na presença da “Diva do Metal” como não me cansei de ouvir até ao final, e sem qualquer dúvida afirmamos que Portugal está enfeitiçado pelas incomparáveis voz e presença que esta mulher tem em palco. Veio apresentar-nos o seu mais recente trabalho “The Shadow Self” e entrou em palco com “No Bitter End”. Rapidamente recordámos a sua passagem por terras lusitanas em 2014, com “500 Letters” do seu “Colours In The Dark” que, em conjunto com o novo álbum, fez as delícias dos fãs durante as quase duas horas de concerto.
Tarja, que tinha já publicado um vídeo na sua página a propósito da visita a Portugal, não se conteve nos agradecimentos e dirigiu-se ao público mais uma vez em português, para dizer que estava “muito, muito, muito feliz… super feliz” por estar de volta.
Ouviu-se a “Lucid Dreamer”, onde se falou da importância dos sonhos e acerca de nunca ser tarde demais. Tivemos direito não só a um medley de temas de Nightwish mas também a um momento mais íntimo e especial, em modos de celebração dos seus 20 anos de carreira segundo a própria, em que pudemos ver Tarja e os restantes em versão acústica, onde se combinaram temas como “Mystique Voyage” e “I Walk Alone”.
É também importante dizer que Tarja se faz acompanhar de um excelente quinteto de músicos, que soube deixar o público boquiaberto perante um emocionante solo de bateria, entre outros numerosos apontamentos de guitarra, violoncelo, baixo e teclado que apenas ajudaram a reforçar a nossa opinião sobre a técnica destes senhores.
O palco fica vazio e todos sabíamos que o regresso seria feito em modo de encore. Tarja trocou de roupa pela segunda vez e voltam todos em força para encerrar o concerto com as faixas “Die Alive” e “Until My Last Breath”. Nunca se cansou de pedir ao público para a acompanhar e a verdade é que também não foi necessário, todos acompanharam refrães do início ao fim e muitos precisaram de se esforçar para conter as lágrimas. Ficou claro que se faz acompanhar não só por um brilhante grupo de músicos, mas também por uma enorme e fiel legião de fãs portugueses. Mesmo para quem não gosta, foi e será impossível ficar indiferente.