Slow J não sonhou sozinho – Dia 2 do Super Bock em Stock
O segundo dia de Super Bock em Stock adivinhou-se desde cedo como o mais desafiante. Ora pelas filas, ora pelo número de pessoas e claro, por um clássico do festival, a escolha entre as opções do alinhamento.
Enquanto se aguardava o primeiro concerto no Coliseu, foram muitos os que optaram por uma passagem pelo teatro Tivoli para dar um oi ao cantor e compositor britânico Ady Suleiman. Depois de vários EPs e dois álbuns lançados, Suleiman tem vindo a ganhar destaque e reconhecimento por parte de outros pares e, pouco a pouco, tem-se dado a conhecer fora do circuito musical britânico. Uma escolha acertada para quem procurava um equilíbrio entre R&B, pop e neosoul.
Eventualmente deixaríamos a cadeira do Tivoli para não perdermos o soul do norte-americano Curtis Harding no Coliseu. A sala pode não ter enchido mas eram muitas as pessoas para ver (ou rever) a mistura entre soul, R&B e rock que o músico tem sido capaz de dominar como poucos. Ainda que tenha feito questão de referir que a sua voz não estaria a 100% na noite do concerto, não houve alma que se atrevesse a pôr defeitos na sua capacidade vocal. Bem ou mal, lá o foram acompanhando, sobretudo em temas como as vibrantes Need Your Love ou On and On, que deixaram o coliseu num bonito encantamento coletivo.
Falando de encantamento temos o caso João Coelho, ou o famoso Slow J. Não que alguma vez tivessem surgido dúvidas relativamente ao talento e alcance do sadino, mas o que se vivenciou no festival foi de facto admirável. Slow J mantém-se afastado dos media, pouca ou nenhuma promoção é dada aos seus álbuns, mas em menos de nada temos as letras de todos os temas de You Are Forgiven, lançado há dois meses, a ecoarem no Coliseu como se de hinos se tratassem. Para FAM contou com a ajuda de Papillon e para Lágrimas contou com Nuno Cacho na guitarra portuguesa e com Francis Dale. Não lhe faltou companhia nos restantes temas, o público fez literalmente estremecer o Coliseu. Agora com mais um título no currículo, o título de pai como fez questão de partilhar, mantém-se a sua figura frágil em palco mas que ganha um poderio enorme quando apoiado dos seus temas.
Para os fãs de hip-hop a escolha óbvia seria espreitar o londrino Col3trane no bloco MOCHE no Capitólio, cantor em ascensão no género e que tem surgido associado a vários nomes do hip-hop britânico. Se a fila para Col3trane se estendia literalmente do Capitólio à Avenida, a fila para espreitar os experientes Balthazar não era de todo mais pequena. Com já quinze anos de banda, estão mais do que consolidados como uma das melhores bandas indie da atualidade. Podem não ser novidade nos palcos portugueses, mas isso não nos deixa cansados de os receber. De facto, o cinema São Jorge revelou-se pequeno demais para estes gigantes belgas.
Para quem não estava ainda preparado para acabar a noite a dupla francesa Haute ocupou o Coliseu com a sua versão eletrónica de R&B.
O Super Bock em Stock volta a tomar conta da Avenida a 20 e 21 de Novembro de 2020. Até lá!