Señoritas com “F” grande – Entrevista a propósito do álbum de estreia
Ama-me. Não me ames. Não me ouças quando te digo “não me ames”. Gosto de me ver de vestido. Não quero o vestido. Vou fazer uma tatuagem. Prefiro bronzear-me na praia. Não sei que verniz usar. Ténis ou saltos agulha?
O universo feminino pode ter muito disto mas, no fundo, as mulheres fortes e com garra sempre souberam qual o caminho a seguir e quando se devem estar nas tintas para as opiniões de terceiros. E é isso que as Señoritas estão a fazer juntas. Com letras de Sandra Batista e voz de Mitó Mendes, o duo “relata uma realidade crua e densa, num disco que aborda um universo tanto de homens como de mulheres”, referiram ao musicfest.pt.
O concerto de apresentação do disco de estreia, “Acho Que É Meu Dever Não Gostar”, aconteceu no Popular de Alvalade, em Lisboa, a 15 de setembro de 2016, e antes disso aceitaram falar connosco. Ainda que nunca seja a um ritmo que as mais feministas apreciem, temos assistido, cada vez mais, a mulheres a chegar ao poder nas mais variadas áreas da nossa sociedade. Ver duas a arrasarem num palco é bem o exemplo desse domínio.
Ser mulher é quase um dom. Ou um martírio. Um destino. O raio de uma fatalidade. Mas também pode ser uma alegria sem fim. Somos donas das nossas vidas. Não somos nada. Entregamo-las às mãos de tolos que nos carregam com a leviandade de um modelo de telemóvel que se troca ao fim do segundo upgrade. Mas mandamos. Mandamos nisto tudo. “A música não nos sai de outra maneira. Já tivemos o nosso passado musical e neste momento estamos em liberdade completa. Tudo está nas nossas mãos; só nós é que decidimos o que queremos”, afirma, segura, Sandra Batista.
“A Nova é um bocadinho o hino à maneira de envelhecer das mulheres modernas”, esclareceu Mitó Mendes nesta entrevista ao musicfest.pt. “Há uma carga muito nossa em todas as músicas. É uma abordagem muito minimal mas que faz da música um transe elétrico que leva a pessoa a ficar entranhada nesse registo”, conclui, num convite à visualização da entrevista, na íntegra, mais abaixo.
Para vencer é preciso garra e uma amiga disponível para ir connosco às compras. E elas encaixam em ambos os modelos de um universo feminino com “F” maiúsculo. “Não temos regras; temos prazer”, confessam. E se sabe bem…
Entrevista de Daniela Azevedo e vídeo de Mário Pires