Rodrigo Leão e Ólafur Arnalds no CCB: a reportagem
Numa sala completamente lotada, esperam 1400 pessoas pelo inicio do espectáculo. O palco estava despido de cor e pelos músicos esperavam um piano de cauda, dois sintetizadores e lugar para cinco músicos.
Ólafur Arnalds entra em palco, cumprimenta a plateia e pede ajuda para uma experiência, toca uma nota “Dó” e pede para que o público a vocalize para que fique gravada e seja usada numa música. É nesta altura em que o Mac resolve não colaborar e tem um freeze. Segue-se um pequeno momento cómico em que Ólafur pergunta se alguém sabe piadas enquanto o Mac recupera do crash. Comenta de repente: “porque é que o Facebook está aberto?”.
Gravada a vocalização do publico, entram em palco um quarteto de cordas composto por três violinos e um violoncelo, que acompanham Ólafur numa música instrumental. A vocalização do público está omnipresente durante quase toda a música, dando um toque personalizado à excelente melodia. Ólafur consegue produzir uma sonoridade envolvente que nos leva literalmente para outro lugar.
Para a segunda música, entra em palco Arnór Dan, que dá voz a “For Now I Am Winter”. Esta música consegue fazer com que estejamos alegres e tristes ao mesmo tempo, tal é a sensação de nostalgia e beleza.
Antes de anunciar a proxima música, Ólafur conta-nos que conhece o Arnór Dan de um bar onde se costumavam encontrar, aparentemente vezes de mais e onde bebiam grandes quantidades de Vodka. Numa das ocasiões, depois de alguns copos, decidiram escrever uma música em conjunto para concorrer para o Festival da Eurovisão, aquilo pareceu-lhes uma excelente ideia até que, no dia seguinte, depois ficarem sóbrios, decidiram que era melhor não o fazer.
Mas da conversa acabaram por escrever em conjunto mais de metade das músicas do album “For Now I Am Winter” e seguem com “Old Skin”. Podem ver o vídeo oficial no Youtube, vale bem a pena.
(Se é este o resultado de uma música escrita à base de vodka, têm que voltar a encontrar-se mais vezes naquele bar)
Segue mais uma música instrumental, no mesmo estilo melódico que caracteriza tão bem este músico islandês. Devo realçar a excelente qualidade do som deste concerto, pois mesmo no 2º balcão onde eu me encontrava, era possível distinguir todos os instrumentos de cordas que combinavam de forma excelente com toda a sonoridade electrónica trazida por Ólafur.
Entra em palco Rodrigo Leão acompanhado por mais um músico.
Ólafur explica que vai tocar a última música, escrita inicialmente para um anúncio a uma banheira, mas que não era suficientemente ridícula, que acabou por ter sido despedido e a música não foi usada em lado algum. Algum tempo mais tarde, Ólafur decide colocar a música no Youtube, mais por piada do que outra coisa.
Durante uma digressão, foi ler os comentários ao vídeo no Youtube e quem ouviu a música dizia que Ólafur devia ter tido inspiração dos espaços verdes e das paisagens exóticas da Islândia, quando na verdade era apenas uma música para um anúncio de banheiras…
Ólafur despede-se e Rodrigo Leão passa a tocar com os restantes músicos, numa sequência de músicas mais conhecidas pela maioria do público do que propriamente deste reporter.
A sonoridade de Rodrigo Leão baseia-se mais no arranjo de cordas, dispensando acompanhamento mais electrónico, ficando pela pureza do som acústico, uma das características que o distingue dos restantes. Não obstante, o uso de um acordeão e de um xilofone dão um toque diferente que, com o acompanhamento do quarteto, tornam o conjunto muito agradável.
Entra em palco Ângela Silva que dá voz a reportório mais antigo. Canta em Latim, mas todos nós percebemos a emoção transmitida pela excelente voz. Elevados pela melodia mais clássica, originária dos primeiros albuns de Rodrigo Leão, ficamos envolvidos pela beleza do conjunto.
Volta Ólafur e acompanha ao piano uma música do Rodrigo Leão, sendo aparentemente a última do espectáculo. Finda esta, o palco fica vazio e esperamos pelo encore que chega com apenas Ólafur.
Refere que como estavam todos ansiosos pelo whisky que estava a ser servido nos bastidores, ele irá tocar esta música sozinho.
É dedicada à sua avó, que faleceu recentemente e que de certa forma foi a pessoa que tornou possível ele estar aqui connosco. Quando ele queria ouvir Death Metal, a avó obrigava-o a ouvir Chopin, iniciando assim uma formação mais clássica.
Volta também Arnór Dan que canta uma música do Rodrigo Leão, e que nos faz lembrar que a música é mesmo uma lingua universal, sem qualquer sombra de dúvida!