Que amor é este, Benjamin? – reportagem no concerto do Campo Pequeno

Que amor é este, Benjamin? - reportagem no concerto do Campo Pequeno

Benjamin Clementine regressou a Lisboa, a 29 de março e foi recebido com o mesmo amor de sempre. À 14.ª visita ao nosso país dos últimos três anos, o romance do autor de I Tell a Fly com o público nacional continua em estado de graça.

A sala não estava esgotada, mas não deverá ter faltado muito para encher de facto a praça de touros do Campo Pequeno na passada quinta-feira, 29 de Março. A poucos minutos da hora marcada para o início do espectáculo ainda a fila à porta era longa e só algum tempo depois Benjamin Clementine entraria em palco descalço, de macacão azul e xaile branco com flores vermelhas, ao som da primeira de várias ovações da noite. A conexão especial que partilha com o público nacional já é bem conhecida e sente-se a cada movimento, palavra ou nota que Clementine partilhe com a plateia.

E sim, como brincaria a certa altura, são as canções antigas, do disco de estreia At Least For Now, que provocam mais coros e reacções de êxtase nos presentes. Ainda assim, o concerto centrou-se maioritariamente no mais recente I Tell a Fly e na sua veia mais performativa e experimental. Perante um cenário preenchido com manequins brancos de homens, mulheres ou crianças, Benjamin Clementine vagueou, abraçou e derrubou algumas figuras, debitou letras quase em spoken word e até a sua banda (guitarra e samples, bateria e baixo) participou nas deambulações pelo palco sem aparente sentido. Tudo isto é recebido entre palmas e incentivos da plateia, inclusive quando o próprio anfitrião assume que tudo aquilo pode ser estranho, mas que é bom ser diferente – e com isso todos concordamos.

Tal é a ligação de Clementine com o público que a certa altura os músicos surgem mesmo no meio da bancada, entoando um coro que rapidamente toma de assalto toda a sala, como tinha tomado antes o refrão de Condolence – momento mais especial da noite, quando apenas o público cantou I send my condolence to fear, I send my condolence to insecurity num acapella de arrepiar qualquer coração de pedra. Não será exagero dizer que quando Clementine e o público português se juntam, o resultado é sempre especial, pois se a noite no Campo Pequeno até teve direito a uma pequena orquestra de cordas nalguns temas (“são portugueses, são todos portugueses!” contou Benjamin, já no final, quando lhes dirigiu um último agradecimento), e ainda à partilha de uma nova canção só à guitarra sobre o tiroteio em Orlando no Verão de 2016.

A história de amor feliz continua e teima em crescer: depois de se ter estreado no palco secundário do SBSR em 2015 (fotos), Benjamin Clementine regressa ao festival este Verão, desta vez ao palco principal, ou seja, à Altice Arena. Se for tão bom como foi no Campo Pequeno, será certamente um dos melhores concertos do ano.

 

Relembra a entrevista que Benjamin Clementine deu ao Veracity Music e musicfest.pt em Vigo

 

Texto: Teresa Colaço
Edição: Daniela Azevedo
Foto: Marco Almeida (no concerto de Vigo)

Teresa Colaço  

Tem pouco mais de metro e meio e especial queda para a nova música portuguesa. Não gostava de cogumelos mas agora até os tolera. Continua sem gostar de feijão verde.


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