Palma ao piano, Bugg à guitarra: duas gerações de cantautores no EDPCOOLJAZZ
Numa noite em que Jorge Palma regressou a Só, Jake Bugg iniciou o concerto com On My One, onde as palavras falam dessa solidão que Palma mais tarde iria mencionar como sendo “precisa, às vezes”. Duas gerações distintas, um de Lisboa outro de Nottingham, um ao piano outro só de guitarra acústica, viriam a aquecer uma noite de vento frio em Oeiras, apenas e só com as suas canções.
Primeiro, a juventude. Assim que Jake Bugg entrou em cena, um bom número de público correu para a frente do palco, ignorando as cadeiras da plateia e aproximando-se do britânico. O concerto acabou por ser marcado por esse público que se concentrou na frente do palco e nas laterais da plateia, que aplaudiu efusivamente, que cantou e que acabou por levar o músico a admitir que, por ele, tocava a noite toda. Não pôde, mas a hora que esteve em palco bastou para deixar saudades. Ouviram-se maioritariamente temas do primeiro disco Lightning Bolt, com breves passagens por Shangri-La e On My One, mas com um pé já no futuro, com três novos temas a serem apresentados. Um deles, How Soon The Dawn, será mesmo o primeiro single de avanço do próximo álbum de Bugg – que tem lançamento marcado para dia 1 de Setembro – e foi tocado pela primeira vez ao vivo em Oeiras. Sozinho com uma guitarra acústica, Jake Bugg vai da folk mais tradicional à garra do rock e à balada sentimental sem perder a voz característica (nem a timidez).
Depois, o mestre. Já não precisamos de apresentar Jorge Palma. Trouxe o disco Só (que celebrou as bodas de prata em 2016), e sentou-se a sós com o piano, em palco. A plateia repleta do festival cantou com ele. Só é um clássico, as canções são conhecidas por todos e a cumplicidade entre músico e público nasce naturalmente. Um ecrã vai passando imagens que complementam as canções e mostram de perto as mãos de Palma. Em Jeremias, O Fora da Lei houve pormenores deliciosos e em Frágil, logo a seguir, houve solo inspirado. Passamos por Estrela do Mar, Bairro do Amor, Canção de Lisboa e A Gente Vai Continuar sem darmos conta do vento frio que entretanto se levantou. Chega a voz de Jorge Palma e a melodia do piano para nos aquecerem. O disco já está tocado mas há ainda tempo para mais. Há Encosta-te a Mim, Passos em Volta (aparentemente a pedido vindo de um membro da plateia) e Portugal, Portugal, a fechar. Assim foi uma noite cheia de belas canções no Jardim de Marquês de Pombal, em Oeiras. Assim foi mais uma noite de EDP Cool Jazz.