O festival que MEXE e faz a FESTa, ali mesmo na avenida – A reportagem no 2º dia do Mexefest 2015
O segundo e último dia do Vodafone Mexefest 2015 prometia um final de noite mágico, com a presença de Patrick Watson. Até lá, o difícil foi mesmo escolher a sala e a banda que queríamos ouvir pela primeira vez ou aquela que já há muito se perseguia. Afinal, o festival primou pelos casamentos felizes que proporcionou entre as salas e as bandas que subiam aos palcos – e entre aquelas e o seu público.
A Igreja de São Luís dos Franceses voltou a abrir as suas portas para deixar entrar a música dos Beautify Junkyards. João Branco Kyron, João Paulo Daniel, João Moreira, Rita Vian, Sergue e António Watts trouxeram consigo o trabalho editado em Maio do corrente ano, The Beast shouted Love.
Na sala Manoel de Oliveira, no Cinema São Jorge, era hora de receber os Best Youth. Black Eyes foi a música que deu o mote a um concerto que teve tanto de frágil como de poderoso. E tudo isso se deve à voz e à postura em palco da Catarina. A figura esguia contrasta com a força da sua interpretação. O público rendeu-se e acompanhou a banda com palmas, trauteando as letras. Houve ainda lugar para uma versão de uma das músicas mais conhecidas dos Depeche Mode, Never tear us apart.
Pelas 22h, Ariel Pink subiu ao palco do Coliseu dos Recreios. O californiano partilhou com o público português o álbum de 2014, pom pom. Fez com que a mítica sala de concertos das Portas de Santo Antão mergulhasse num a atmosfera que residia algures entre o pop, o psicadelismo e toda uma postura experimental que caracteriza o músico.
Graças aos Vodafone Shuttles foi possível reduzir o número de passos contabilizados nos pedómetros dos festivaleiros e permitir que chegássemos a tempo e horas de ver as bandas escolhidas. Depois de espreitarmos o ambiente descontraído proporcionado pelos Holy Nothing, na sala Montepio do São Jorge, rumámos até ao Tanque para participar na festa promovida por Da Chick. Sim, o ambiente que se vivia era mesmo de festa: pela música, pela energia partilhada entre a banda e o público e pelo carácter peculiar do palco. Aconteceu um Do tha clap, do princípio ao fim do concerto.
Pelo caminho – entre Holy Nothing e Da Chick – demos um salto rápido ao Ateneu Comercial de Lisboa para cumprimentar a banda Glockenwise e os rapazes Nuno Rodrigues, Cristiano Veloso, Rafael Ferreira e Rui Fiusa. Na bagagem traziam o último álbum, Heat, o irmão mais novo de Building Waves e lleches.
Eram 23h30 quando o Tanque recebeu a canadiana Merrill Beth Nisker, mais conhecida por Peaches. Era um dos momentos mais aguardados da noite, a olhar para a fila impressionante que aguardava pelo momento em que seria possível subir a escadaria até ao Tanque. Mais uma vez – e num estilo diferente de Da Chick – se confirmou o efeito acolhedor e inusitado deste palco.
No Palácio Foz, Cachupa Psicadélica trouxe-nos sons de Cabo Verde, envolvidos pelo ambiente absolutamente deslumbrante da sala Delta. O Mexefest também é isto: dar a conhecer espaços únicos, ali mesmo no centro da cidade menina e moça.
E se a noite anterior foi de revelação, com o inesquecível concerto de Benjamin Clementine, a noite de 28 de Novembro confirmou a empatia entre Patrick Watson e o público português. Love songs for robots invadiu o palco do Coliseu, à hora marcada. Nas vésperas de se deslocar ao Porto para um concerto na Casa da Música, Patrick presentou o público que se acotelava no Coliseu com uma entrega total. E boa disposição. “É qualquer coisa de mágico”, dizia alguém. E a magia aconteceu também quando o vencedor do Polaris Music Prize (2007) abandonou o palco para tocar Man under the sea no camarote presidencial. E quem lá esteve vibrou – e no final do concerto pediu mais. Patrick Watson acabou por tocar cerca de mais trinta minutos além do esperado. Desconfiamos que o público – onde não conseguimos localizar qualquer robot – queria mais e mais love songs.
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