O Coliseu foi pratica(mente) de Sam The Kid: “Até que idade é que tenciona Sam continuar a ser The Kid?”

O Coliseu foi pratica(mente) de Sam The Kid: “Até que idade é que tenciona Sam continuar a ser The Kid?”

O Coliseu dos Recreios, em Lisboa recebeu um dos concertos mais aguardados do ano: Sam The Kid com orquestra e os Orelha Negra tornaram o Coliseu num santuário do hip-hop.

40 anos de vida, 20 de carreira. Samuel Mira, mais conhecido pelo público como Sam The Kid, encheu o Coliseu dos Recreios para celebrar o hip-hop e todo o universo à sua volta. Mas engane-se quem acha que os concertos de hip-hop são só um DJ e um rapper. Sam, neste concerto, foi acompanhado pelos Orelha Negra e por uma orquestra de 24 elementos, conduzida pelo maestro Pedro Moreira.

À entrada do Coliseu, notava-se que o público não é o mesmo de um concerto de hip-hop normal. Afinal, o hip-hop não é só para jovens. Quem apareceu para ouvir Sam The Kid foi a geração de 90, que cresceu com as músicas do rapper de Chelas.

Entre(tanto) foi a primeira música a ser tocada pela orquestra. Vemos em palco Napoleão Mira, o pai de Sam The Kid, a recitar o poema “Santiago Maior”. Conseguia sentir-se a emoção da sala um pouco por todo o lado. Napoleão chamou o filho e ouve-se o enorme aplauso da plateia para receber o “pai do hip-hop português”.

Sam The Kid entrou com A Partir de Agora, a música super enérgica que levantou todos os que ainda estavam sentados nos camarotes do Coliseu. É assim que percebemos que a música de Samuel não tem idade porque todos neste concerto sabem a letra de uma música de 2006.

Entretanto, duas músicas do Sobre(tudo)… Sam canta Decisões e PSP. O ambiente é íntimo, como diz o próprio Samuel: “Estamos no meu quarto”. E é neste ambiente caseiro que entra o primeiro convidado: o cantor NBC que é desde sempre amigo de Sam The Kid e que subiu a palco para cantar o refrão de Juventude é Mentalidade. É no início desta música que se ouve a mítica frase, dita por Carlos Vaz Marques:

Até que idade é que tenciona Sam continuar a ser The Kid?

A resposta é: para sempre.

Passamos assim por Sangue e fomos À Procura da Perfeita Repetição até chegar o segundo e o terceiro convidados: são eles XEG e Sanryse, prontos para estrear ao vivo uma música com 20 anos XEG e Sam, do primeiro álbum feito no Quarto Mágico. A seguir, Samuel Mira foi fazer um Recado à sua cota e começou a homenagem ao falecido Beto Di Ghetto, tendo escolhido as músicas Quantidades e Chelas – novamente com NBC – que serviu de mote para chegar Mundo Segundo.

Gaia Chelas e Tu Não Sabes foram as duas músicas que Sam The Kid e Mundo Segundo decidiram cantar. Mundo ficou ainda em palco para ajudar Sam no mítico hino do hip hop Não Percebes. É logo após a retrospectiva de uma música de 2002 que vem a Retrospectiva de um amor profundo, que nos trouxe sete minutos intensos de emoção e amor à música.

E é depois de tanta poesia que nos chega o “momento” Orelha Negra, banda instrumental de que Sam faz parte com a sua MPC, que vieram tocar duas músicas: uma mistura da Ready com a Part Of Me e o maior sucesso M.I.R.I.A.M.. De seguida, temos mais uma estreia ao vivo: entram em palco SP Deville e PacMan a.k.a. Carlão para cantar a música do filme O Crime do Padre Amaro pela primeira vez. Pacman foi-se embora, mas SP ficou em palco para uma homenagem a Snake OG, ele que era dos melhores amigos de Sam The Kid. A música escolhida foi, justamente, Snake com Sam The Kid, Negociantes.

Ouve-se Miguel Torga.

Canto como Sou! Senhor se sabes quem sou, Canta.

É a música Hereditário. Imediatamente a seguir, temos Sofia, a primeira parte da música 1995-12-16, em que o público acompanha o rapper sílaba a sílaba.

Chega o momento que todos esperavam. Ouve-se a marimba, instrumento de percussão, que marca o início de Poetas de Karaoke. É também o momento de homenagear mais um rapper, Barbosa ou como muitos lhe chamam GQ, que canta o refrão da música.

Sente-se no ar que nos estamos a aproximar do fim, já foram mais de duas horas de hip-hop orquestrado, hit atrás de hit atrás de hit. Sam desaparece do palco e aparece com uma cadeira de secretária, uma MPC numa mesa e o candeeiro, que o próprio diz ser do quarto, que todos conhecemos como Quarto Mágico ou Sétimo Céu. Ouve-se o sample de Sendo Assim, é notório o hype entre a plateia em pé. A cena saiu mesmo sem pressões e todos sentiram o som sem pensar em aceitações.

Houve “sumo… natural”; e ficou escrita mais uma página da história do hip-hop nacional.

Tomás Lampreia  

O Tomás gosta de ler, escrever, ouvir e ver. Tem 19 anos e é estudante de Jornalismo, na Escola Superior de Comunicação Social. Sonha ser tudo, mas ainda não é nada.


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Mais sobre: Carlão, Mundo Segundo, NBC, Orelha Negra, Sam the Kid, Sanryse, SP Deville, XEG

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1 Response

  1. Carolina Martins diz:

    Se eu já queria ter lá estado, agora então…

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