Mimicat e Pink Martini no EDP Cool Jazz, uma noite memorável
Marisa Mena. O nome poderá não vos dizer muita coisa e quem sabe tenha sido por isso que a artista escolheu o nome Mimicat para o seu mais recente projecto. Bem, Mimicat talvez também não vos diga muito mas de uma coisa eu tenho quase a certeza depois de a ter visto em palco no EDP Cool Jazz: vai dizer.
A noite de Oeiras no Jardim do Marquês do Pombal estava quente, quente como se quer uma noite de Verão. O público não parava de entrar o que é sempre bom sinal, principalmente se considerarmos que ali perto estava a arrancar o primeiro dia do Optimus / NOS Alive. Como alguém me dizia no recinto, o público do Alive não é o público do EDP Cool Jazz mas, há muito publico do EDP Cool Jazz que também é publico do Alive. Ainda assim, casa (leia-se jardim) cheia.
E casa cheia foi algo que muito agradou a Mimicat. Tanto que até fez referência a isso. Até ela se admirou de ter ali tanta gente para a ver, sabendo que “esperam Pink Martini”. Marisa, minha cara, depois deste concerto acredito que haverá mais gente a esperar por ti.
Com uma simpatia contagiante e um sorriso daqueles que facilmente desarma, num visual pin-up “fofinha” como alguém lhe chamou na plateia, Mimicat conquistou toda a audiência desde os primeiros acordes até ao momento em que cantou “Gone”, ironicamente, a última música.
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Ainda que muitas das músicas fossem desconhecidas para o público presente, claramente exceptuando “Tell Me Why” que já passa nas rádios e “Hit The Road Jack” um clássico de Ray Charles, a sonoridade dos anos 50, 60 e até 70 tocada por laivos de modernidade, chamava ao constante bater de pé e a voz de Mimicat encantava a cada nova música apresentada, deixando no ar a vontade de que o primeiro álbum chegue depressa.
Pink Martini, o destaque da noite no EDP Cool Jazz
Cerca das 22h30 tal como esperado, entram em palco os artistas da famosa banda de Portland, Pink Martini. 20 anos de carreira, sempre a somar êxitos, justificam claramente os aplausos recebidos. O publico parece não ter dúvidas de que será um bom espetáculo mas não sabe ainda o que o espera.
De Itália ao Japão, passando por Cuba, Turquia, Roménia e acabando no Brasil, o concerto de Pink Martini no EDP Cool Jazz foi um verdadeiro turbilhão de sons e movimento, do palco à plateia, onde mesmo antes de tal ser pedido por Storm Large, já o público se levantava das cadeiras e se dirigia para as laterais de forma a poder dançar.
Entre clássicos como “Quizás Quizás Quizás” ou “Que Será, Será” e pérolas jazzísticas como o êxito da década de 30 “He Was Too Good To Me” imortalizado por Chet Baker 40 anos depois como “She Was Too Good To ME” (e aqui interpretado nesta última versão), o espetáculo não parava de surpreender. O público parecia conhecer cada música, os elementos da banda pareciam estar a adorar.
Quando a vocalista pergunta se há alguém da Turquia na plateia, depois de alguma hesitação, lá subiu uma jovem ao palco que juntamente com Storm canta e dança “Üsküdar’a Gider İken”, música turca presente no álbum de 2013 “Get Happy”. Umas músicas mais tarde, seria a vocalista a sair do palco e juntar-se ao publico.
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Pink Martini, uma banda de muitos
Sendo que o palco pertencia em grande parte a Storm Large, artista em nome próprio que se juntou a Pink Martini em 2010, quando a vocalista China Forbes se encontrava em recuperação de uma operação às cordas vocais, o protagonismo, merecido, de cada elemento da banda esteve sempre presente. A voz e os ritmos de Timothy Nishimoto, o piano e cordialidade de Thomas Lauderdale, o violino de Nicholas Crosa, só para referir alguns, garantiram um espetáculo composto só de momentos altos.
“Let’s Never Stop Falling in love” do álbum de 2004 “Hang On Little Tomato”, “Zundoko-bushi” e “Get Happy / Happy days Are Here Again”, do mais recente “Get Happy” foram mais alguns dos êxitos a somar à lista e que encaminharam o concerto para fim que não podia ficar por ali.
Já passava da meia-noite mas nem assim o público esmorecia. Pink Martini estava a maravilhar a audiência, os pés já não paravam no chão nem as ancas quietas. Os aplausos eram mais que muitos e a banda não tinha como não continuar. Previa-se uma explosão de alegria e musicalidade e ela não tardaria a chegar, com o publico a subir ao palco e a juntar-se à banda.
Quem diria que seria uma canção com mais de 70 anos a juntar no palco do EDP Cool Jazz, gerações e nacionalidades tão distintas, todos em torno de um samba com uma precursão assombrosa. “Aquarela do Brasil”, escrita em 1939 e tornada famosa em 1942 com o filme “Adeus Amigos” de Walt Disney, encerrou aquela que foi uma das melhores noites do EDP Cool Jazz e que certamente ficará na história do festival.