Mas que estilo de música é este? Olha, é Buika.

Mas que estilo de música é este? Olha, é Buika.

Concha Buika passou por Lisboa para apresentar a sua tour Vivir sin miedo. A National Public Radio (NPR Music) considerou-a como uma das melhores 50 vocalistas de sempre – estamos em crer que o público que esteve ontem no Coliseu dos Recreios não tem dúvidas disso mesmo.

Descalça, vestida de vermelho e com um sorriso largo: foi assim que Concha Buika entrou no palco do Coliseu dos Recreios. A sua expressão era aquela que temos quando (re)encontramos velhos amigos, amigos de sempre. O mote do concerto é “quiero vivir sin miedo”, a música que dá nome ao seu último álbum e a esta tour.

Ainda mal tinha começado a cantar, já o público se apressava a registar o momento para partilhar nas redes sociais. Depois do check in feito estávamos todos preparados para desfrutar de uma noite de fusão – uma noite Buika, portanto.

O concerto seguiu caloroso: foram vários os momentos em que Buika se dirigiu ao público, com humor e amor, agradecendo tantas vezes a sua presença nesta sala de espectáculos. Falou em espanhol – e até em portunhol, atendendo ao pedido especial que surgiu da plateia. Afinal, improvisar não é algo que aflija ou preocupe a cantora e compositora. Para quem conhece o seu trabalho musical é evidente a facilidade com que se adapta, muda, estica, encolhe, acalenta, arrefece – e cresce e faz crescer o sentimento em torno das palavras que canta.

Foram vários os momentos em que Buika provocou gargalhadas no Coliseu dos Recreios: “A todos, desejo mucho dinero”. Que não nos falte amor, amizade, a família, a saúde – e também o dinheiro.

Buika é uma mulher dos sete ofícios: compôs e inclusivamente tocou todos os instrumentos das maquetes iniciais deste álbum. Durante o concerto fez questão de saudar os músicos que a acompanhavam. A cumplicidade é mais do que evidente e do seu trabalho em palco, deste todo, resulta uma soma que é maior do que as partes: o prazer de tocar para os tais velhos amigos, amigos de sempre: o público português.

A música da espanhola Concha Buika é “um pouco de tudo”. Nela reconhecemos estilos variados e por isso temos tanta dificuldade em rotular o seu trabalho. É um trabalho que pensa fora da caixa, sente com o coração do lado de dentro e de fora e existe fora do rótulo. “É uma Nina Simone dos tempos contemporâneos” – ouvia-se alguém a dizer. Será? Por mais que se tente comparar Buika a grandes vozes – deste e de outros tempos – o certo é que o tom, a temperatura da sua voz e o caminho musical que tem feito é definitivamente único.

À saída do concerto – que teve direito a encore, palmas e público de pé, alguém dizia: “A voz dela é assim, arrepiada”. E nós acrescentamos: arrepia. Pela forma plástica como corre mil e um estilos musicais, fazendo-nos viajar pelo mundo, sem nunca sair do lugar. Há artistas únicos: Buika é uma dessas artistas. Há concertos únicos: e este foi um deles.

Concha Buika parte agora para Copenhaga e tem encontros marcados em Berlim, Zurique, Budapeste, Berkeley – entre outros.

Joana Rita  

Joana Rita é filósofa, criadora de conteúdos, formadora e investigadora. Ah! E uma besta muito sensível.


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