Manel Cruz a resgatar a nossa saúde mental – Reportagem no Sá da Bandeira
Os concertos inicialmente agendados para abril só se realizaram agora, mas a espera valeu a pena! A 28 e 29 de outubro no teatro Sá da Bandeira, Manel Cruz apresentou-nos oficialmente o disco “Vida Nova”, antes de rumar a Lisboa. Claramente a nossa presença não podia faltar…
Depois de Ornatos Violeta, Pluto, Foge Foge Bandido e Supernada, Manel Cruz há mais de um par de anos que se dá a conhecer a solo. Acompanhado por António Serginho (percussão, piano, xilofone), Eduardo Silva (baixo, voz) e Nico Tricot (piano), entrou em palco no Sá da Bandeira cumprimentando a sala e apregoando de imediato:
Estamos aqui para resgatar a nossa saúde mental.
De certa forma, estávamos mesmo.
É do conhecimento geral que o panorama atual está a afetar bastante o setor das artes, assim como a saúde física e mental de cada um de nós. Precisamos de música mais do que nunca. Precisamos de cultura mais do que nunca. A #ACulturaÉSegura e numa sala de espetáculos que cumpriu de forma solene todas as regras da DGS, Manel conseguiu abstrair-nos da realidade distópica em que nos encontramos, por mais de duas horas.
É certo afirmar que Manel Cruz é mesmo daqueles artistas que “vive e respira música”. Não é hiperbólico. De todo. Para muitos melómanos como ele, a música controla a gravidade das suas emoções, e o mesmo é perito a deixar transparecer isso para o público que o observa atentamente. Percorreu todos os temas do seu disco, sendo os mais celebrados Ainda Não Acabei, Cães e Ossos, Libelinha, Missa e O Navio Dela. Apresentou um novo trabalho, Pode Beijar a Noiva, tendo ainda tempo para temas mais antigos, dos quais damos principal destaque à célebre Canção da Canção Triste do projeto Foge Foge Bandido não só pela lírica, como pela magnitude com que a interpretou.
Esta foi uma adaptação ao novo normal dentro das salas de espetáculos, mas é possível sermos todos responsáveis, seguir as regras e orientações impostas e disfrutar de espetáculos em pleno. Gostamos tanto que esta semana fomos até ao Teatro Maria Matos e a experiência foi bastante semelhante. Obrigado Manel e companhia, que venham mais concertos assim!
N.R.: Reportagem escrita realizada no Teatro Sá da Bandeira (Porto) e reportagem fotográfica realizada no Teatro Maria Matos (Lisboa).