Mais uma voltinha na roda gigante? – A reportagem do último dia da 40ª edição da Festa do Avante!
O terceiro e último dia da Festa do Avante! chegou-nos com muito sol, muito calor – e muito cloridrato de difenidramina. Sim, as melgas – ou os mosquitos, não houve tempo, ainda, para identificar os responsáveis – foram os protagonistas de momentos desconcertantes para muitos dos milhares de pessoas que passaram pela enorme quinta onde a Festa aconteceu, de 2 a 4 de Setembro.
Houve até quem brincasse com este assunto, no twitter, sugerindo que “Neste ano da festa do Avante o hino da internacional começa com “Avante ó vítimas das melgas” #FestaDoAvante #Avante2016” Uma pesquisa breve naquela rede social com as palavras avante e melgas levavam-nos a considerar que as picadas, quando nascem, são para (quase) todos. Mas voltemos à Festa, que foi bem maior do que as reacções alérgicas às picadas dos insectos.
Vê todas as fotos de Fast Eddie Nelson na Festa do Avante
O cartaz do dia 4 de Setembro prometia ser uma verdadeira festa: à mesma hora, em palcos distintos (25 de Abril e auditório 1º de Maio) actuavam Fast Eddie Nelson e Pás de Problème. Para quem conhece o trabalho destes artistas, sabe que a escolha iria ser difícil. Houve quem assentasse o arraial num dos palcos, houve também quem não resistisse a espreitar parte dos dois concertos, aproveitando para uma caminhada rápida. Para aqueles que encheram o auditório 1º de Maio para ouvir os Pás de Problème, festa foi a palavra de ordem: qualquer que seja o palco por onde este colectivo passa, há garantia de celebração e de real pedrada. O público do Avante já conhece bem estes artistas: em 2013 estiveram no palco Solidariedade – será que no próximo ano os vamos poder ver e ouvir no palco 25 de Abril? Acreditamos que não iriam desiludir e que a boa disposição era garantida!
Vê todas as fotos de Pás de Problème na Festa do Avante
O último dia da Festa incluiu um momento especial para quem vive estes dias de forma assumidamente partidária: o comício, ou a hora durante a qual a palavra de ordem é ouvir o discurso, no palco principal. É sobretudo neste dia que o espaço é invadido por bandeiras vermelhas e por muitas pessoas que ali se deslocam somente para participar deste momento de efectiva comunhão. Coube à banda Jafumega aquecer a multidão até à hora do comício.
Sérgio Godinho & Jorge Palma são músicos que, além de dispensarem apresentações, já fazem parte “da casa”. Têm vindo a pisar vários palcos do país, em duo, provando que “velhos são os trapos” e que a boa música é intemporal. O espectáculo Juntos aconteceu depois de Jorge ter convidado Sérgio para participar num dos seus concertos, também na Festa do Avante!. Desde então, os músicos têm vindo a proporcionar muitas viagens aos milhares de pessoas que assistiram ao concerto e que sabem de cor(ação) as letras das suas músicas.
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Ana Moura voltou a marcar presença no palco 25 de Abril, desta feita a convite de Marta Ren. Foi assim que a música soul, envolvida em muita sensualidade, ganhou espaço na Festa, pela voz da cantora que editou Stop, Look, Listen em nome próprio. Com a fadista interpretou dois temas, um dos quais o conhecido tema dos Rolling Stones cujo refrão é qualquer coisa como “I can’t get no satisfaction“.
Vê todas as fotos de Marta Ren, com Ana Moura, na Festa do Avante
Enquanto o auditório 1º de Maio dava lugar às actuações de Duarte e de Aldina Duarte, no palco 25 de Abril era a vez dos Xutos & Pontapés subirem ao palco, acompanhados por Paulo de Carvalho. Em tom de brincadeira, dizemos que os Xutos estão para o Avante, assim como a Ivete Sangalo está para o RiR. A verdade é que a banda constituída por Tim, Zé Pedro, Kalú, Zé Cabeleira e Gui são garantia de multidão a entoar as músicas em uníssono. Houve lugar a uma versão especial da música E depois do adeus – que cheira a Abril de 1974, por todos os poros. Podemos dizer que a Festa encerrou com chave de ouro.
Vê todas as fotos dos Xutos, com Paulo de Carvalho, na Festa do Avante
A 40ª edição da Festa do Avante! trouxe consigo experiências diferentes: todos os espaços e acessos estão maiores e até era possível ver a Festa a partir da roda gigante. À hora de fecho deste artigo não era possível apurar o número de pessoas que marcaram presença nesta Festa que tem vindo a integrar algumas boas práticas dos festivais de verão. A saber: havia vários pontos para carregamento de telemóveis e o tradicional púcaro poderia ser substituído por uma caneca de alumínio com a gravação “Não há festa como esta!”.
Para o ano haverá mais – e nós contamos lá estar, devidamente acompanhados de repelente para mosquitos e melgas. Afinal, camarada prevenido, vale por muitos!