Gregory Porter: Um Senhor a fechar o EDP Cool Jazz 2014
A noite não podia estar mais agradável para encerrar um festival de Jazz. E o nome esperado para o fazer, Gregory Porter, foi sem dúvida uma grande escolha.
Os jardins do Marquês do Pombal em Oeiras não estavam cheios (não chegariam a estar) mas a plateia sentada começava a compor-se. Os Vahagn & The Sky People abrem o concerto com a sua música electrónica “feita com instrumentos verdadeiros”. Entre um lounge ambiente e um psico-funk, havia na plateia quem lhe chamasse música de elevador mas a banda esforçou-se para manter o nível. Infelizmente, neste tipo de música, ao fim de algum tempo, ou se sabe realmente inovar ou é mais do mesmo.
Gregory Porter, a boa disposição em pessoa
Na hora prevista, o imponente Gregory Porter passa junto ao público em direcção ao palco. E começa verdadeiramente a noite do Jazz.
Depois da passagem por Portugal no ano passado (quando actuou e encantou no CCB e na Casa da Música), a presença desta estrela do Jazz norte-americano era muito aguardada por todos quantos apreciam a sua voz de barítono e o seu estilo clássico com toques de Soul, R&B, e Gospel. E não decepcionou.
Liquid Spirit o seu ultimo álbum foi o que mais marcou presença e tal já se esperava. O tema deu o mote para que o público se animasse (ainda mais): “Clap your hands now!”. Free, um jazz funkalicious, foi outro dos pontos altos da noite. Todo o publico se agitava e convenhamos, era difícil não o fazer.
Outro dos temas que causou furor foi 1960 What?, a música inspirada pelas histórias contadas por Kamau Kenyatta, um professor seu amigo, sobre a vida na Detroit da década de 60 e pelo assassinato de Martin Luther King em 1963 assim como pela sua própria vida. Uma coordenação perfeita num misturar de instrumentos e voz quase desconcertante.
Mesmo quando o presenteava com canções mais calmas e intimistas, como I Fall In Love To Easily (sobre a qual pairava a sombra de um Nat King Cole a abençoar Porter), o público cantava encantado.
Chip Crawford ao piano, Yosuke Sato no saxofone, Emanuel Harrold na bateria e Aaron James no contra-baixo, acompanharam de forma sublime a presença daquele que alguns chamam já de “o rei do jazz”.
A noite chegava ao fim e Gregory Porter parecia, no mínimo, tão satisfeito quanto o publico. Sai de palco mas o concerto não poderia ficar por ali. “Pelo menos mais uma” dizia alguém na fila da frente. O artista volta e com a sua banda interpreta Hey Laura, uma apaixonada balada, num registo sedutor, pela voz do namorado ciumento que não confia em quem o ama.
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Gregory Porter guardava uma surpresa
“Peace and love, peace and love”, diz Porter enquanto acena um adeus. Acabou a música mas, para todos quantos assim quisessem, havia ainda uma pequena surpresa: Sessão de autógrafos de Gregory Porter a quem tivesse Liquid Spirit consigo. E com isto, este que vos escreve recebeu um valente aperto de mão e um “Thanks brother” a dar força para o caminho de volta a casa.