GNR no Campo Pequeno: 35 anos em duas horas

GNR no Campo Pequeno: 35 anos em duas horas

Os GNR celebraram no passado sábado, dia 12 de novembro, os seus 35 anos de carreira num concerto, cheio, no Campo Pequeno, em Lisboa.

Com as filas da frente ocupadas pelos “fãs oficiais” dos GNR, o espetáculo começou com a exibição de fotografias e excertos de artigos em jornais que exaltam os momentos altos da já longa carreira destes meninos que se fizeram homens à frente do Grupo Novo Rock e das suas icónicas canções. Com as imagens em fundo começamos a ouvir ‘Regresso ao Passado’, tema retirado de “Popless”, de há 16 anos, e que o rapper NBC revisitou no álbum “Revisitados”, enquanto os três membros da banda ocupam o palco com Rui Reininho a destacar-se pela elegância a que a efeméride obriga.

‘Vídeo Maria’ e ‘Efetivamente’, logo a seguir, ajudam a ganhar a atenção da plateia, apesar de ter sido uma atuação com mais reserva e calma do que seria de esperar por parte de quem já acompanha os GNR há alguns anos. Boa parte do concerto foi marcada por uma contenção de estilo e de atitude que não são muito comuns nas manifestações ao vivo da banda.

Do lado de cá, ora tínhamos grupos de fãs histéricos ou filas inteiras mais contidas. O som do Campo Pequeno é, lamentavelmente, desadequado às grandes bandas que perdem brilho e pujança naquelas condições sonoras.

Vêm mais motivos para cantar: ‘Caixa Negra’, ‘Cadeira Elétrica’ e Ana Lee’, não sem antes, naquele glamour distante dos mortais que só Reininho sabe imprimir às palavras em surdina, haver um momento de referência ao “chapéu do tio Cohen” para lembrar a morte recente do músico Leonard Cohen.

O primeiro momento de surpresa acontece quando Rita Redshoes sobe ao palco para interpretar ‘Homens Temporariamente Sós’ e, logo depois, se junta a Reininho no dueto ‘Dançar Sós’. Nesta altura algum entusiasmo é devolvido ao público que sabia, de antemão, que outros convidados se seguiriam.

Uma vez que se celebraram 35 anos, eis que o ecrã de trás também mudou ligeiramente a sua configuração daqui para a frente, tornando-se mais “visível” à altura do palco. O ambiente fica mais intimista à medida que os GNR também entram no conceito “Afetivamente”, ou seja, mais acústico para se ouvirem músicas como ‘Asas’, ‘Sete Naves’ ou ‘Bellevue’ que nos fica colada ao ouvido graças ao intenso solo de violino, da muita loura Ianina Khmelik.

A diversidade dos momentos seguintes dá aos mais céticos a certeza de estarmos perante uma banda digna de todos os atributos que os tais recortes de jornal no início lhe atribuiu. ‘Sangue Oculto’ traz para as luzes da ribalta um Javier Andreu com uma alegria esfuziante com a boa energia do já longínquo 1992 quando um “Rock in Rio Douro” nos mostrou ‘Sangue Oculto’. Segue-se ‘Las Vagas’, a um ritmo alucinante, para a seguir acalmarmos com o respeito e carinho que Isabel Silvestre merece. Canta ‘Santa Combinha’, naquele registo que tão bem lhe conhecemos, e a seguir ‘Pronúncia do Norte’, com Reininho, para acabar a ser aplaudida de pé. Continua a ser de arrepiar ouvir estes dois. Ainda vem ‘Nova Gente’ e o sempre intenso ‘Morte ao Sol’ antes da primeira saída de palco – curiosamente numa altura em que a banda já começa a estar mais “solta”.

O regresso faz-se com um incrível solo de teclas de Tóli César Machado que dá entrada ao ‘Dunas’, a canção-carimbo que terá, para toda a nação portuguesa, o mesmo estatuto da ‘Minha Casinha’ dos Xutos & Pontapés. Jorge Romão também já sorri, pede palmas e pede para que todos se levantem dos lugares marcados e se cheguem para mais próximo do palco.

Ainda vem ‘Quando o Telefone Pecca’ e Rui Reininho trocou o fato formal para uma t-shirt que, nas costas, tem a frase “Live Rock Star”. ‘Quero Que Vá Tudo Pro Inferno’, de Roberto Carlos, volta a contar com a participação de Javier Andreu, a tocar harmónica. Será escusado dizer que Reininho tinha que brincar aqui com as palavras e as rimas…

‘Sub-16’ e ‘+ Vale Nunca’, com um coro infantil, fecharam a noite, mesmo que muitos já tivessem ido embora no final do primeiro encore.

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Daniela Azevedo  

Jornalista, curiosa sobre os media sociais, viciada em música, gosta da adrenalina do desporto motorizado. Amiga dos animais e apreciadora de dias de sol. Acha que a vida é melhor quando há discos de vinil e carros refrigerados a ar por perto.


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