É tão fácil gostar de Anavitória – a reportagem no concerto do Coliseu de Lisboa

É tão fácil gostar de Anavitória - a reportagem no concerto do Coliseu de Lisboa

Dupla brasileira estreou-se em nome próprio em Portugal com um concerto no Coliseu de Lisboa na passada quarta-feira. Diogo Piçarra participou, os fãs deliciaram e Ana Clara e Vitória Falcão espalharam doçura numa noite fria.

Tomaram a cena musical brasileira de assalto depois do sucesso na internet e rapidamente se transformaram num caso sério da nova música popular brasileira. Uma guitarra e duas vozes doces à boleia de melodias folk e pop formaram a receita para o sucesso que as levou Brasil afora, até que a canção Trevo (Tu) pôs Portugal na rota do seu sucesso. Com a ajuda de Diogo Piçarra, as Anavitória (ou “o” Anavitória) chegaram a platina no nosso país e, depois de já terem vindo participar em concertos do amigo português, passaram pelo Rock in Rio Lisboa em 2018 e esta semana encheram salas em Lisboa, Porto e Braga, já em nome próprio.

Apesar da noite fria em Lisboa, o ambiente no Coliseu aqueceu com a expectativa criada por uma contagem decrescente até ao início do concerto, com os últimos dez segundos a serem gritados a plenos pulmões, e assim se percebeu que o público presente ansiava e muito pela chegada da dupla de Tocantins. Canção de Hotel abriu as hostes e logo a seguir, em Dói Sem Tanto, foi o público quem cantou a meias com Ana e Vitória, premissa que foi válida para o resto da noite.

Partindo de canções simples a voz e guitarra, muito influenciadas pela folk e MPB, Anavitória começou por ser um nome associado a actuações acústicas e intimistas. Com o segundo trabalho de estúdio, O Tempo É Agora (2018), a dupla cresceu para novas sonoridades, influenciadas por várias parcerias na composição, e apresenta agora um concerto muito mais pop, pronto para grandes arenas. A banda de apoio (bateria, baixo, guitarra e teclas) é a principal culpada pelo agigantamento das melodias e refrães, mas é a própria atitude das duas jovens que mais puxa para a grandeza. Sempre profissionais e sem grandes discursos, insistem em saudar a capital com entusiasmo e não hesitam em pedir palmas e coros sempre que possível.

Não que fosse necessário, tal o empenho do público presente em acompanhar cada uma das canções, num alinhamento igualmente distribuído entre os dois trabalhos de estúdio. É em temas como Fica, Singular e, claro, Trevo, que mais se nota o efeito fenómeno de Anavitória, mas canções como Cecília e Calendário (ambas com Ana Clara nas teclas ao invés da habitual guitarra) provam o crescimento musical e até lírico das suas composições. Ainda assim, foram os momentos mais festivos que fizeram provar o potencial altamente pop das brasileiras. Quando Chamego meu chega, o público abandona as cadeiras e não se volta a sentar até ao final do espectáculo, que contou ainda com as mais animadas Clareiamô, Outrória e uma versão de Dê Um Rolê antes de terminar banhado em confettis, com O Tempo É Agora.

Mantendo este trajecto ascendente, não faltará muito para Anavitória virar também fenómeno no nosso país, merecendo mais e maiores palcos.

Teresa Colaço  

Tem pouco mais de metro e meio e especial queda para a nova música portuguesa. Não gostava de cogumelos mas agora até os tolera. Continua sem gostar de feijão verde.


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