E o Mundo de Mariza morou no MEO Arena
Pouco faltava para as 22h quando Mariza subiu ao palco do MEO Arena, para o concerto que marca o encerramento da tournée Mundo. O atraso justificou-se com a necessidade de permitir a entrada das dezenas de pessoas que faziam fila, na bilheteira, pelas 21h30. Nem por isso encontrámos um concerto esgotado, mas somente composto.
O espectáculo, que demorou praticamente duas horas, teve início só com a voz da fadista: “eu canto com os olhos fechados” ouviu-se, a dada altura, no tema Fadista Louco. Seguiram-se Anda o sol na minha rua e Maldição – até que a fadista quebrou o silêncio e recebe o público presente com um “Boa noite”. Várias foram as vezes que a cantadeira de fados se dirigiu aos presentes, sobretudo para partilhar estórias das músicas que iria cantar.
Do alinhamento fizeram parte músicas como Dona Rosa, Primavera, Adeus, Sem ti e Missangas, que levou a palco alguns bailarinos e transformou o negro vestido de Mariza num vermelho forte, como aquele que vemos na capa o álbum Mundo. A fadista falou dos cinco anos que passaram entre o Fado Tradicional (disco de platina), e este álbum que a levou em digressão pela Suécia, Estados Unidos, Canadá, Luxemburgo, Viena Áustria, à cidade do Porto e a Lisboa, no passado dia 7 de Dezembro.
Caprichosa fez-nos viajar até à distante Venezuela, onde o avô de Mariza viveu e o pai passou a adolescência. Entre o tango e a milonga, o MEO Arena parecia finalmente aquecer os ânimos e acompanhar, com palmas, a música. Padoce foi o tema responsável pela viagem até África e às origens de Mariza, nascida em Maputo, em 1973.
Foi um espectáculo de leitura difícil para o público: pela forma como a cantora se dirigia aos presentes e exigia outro comportamento; ou até pela escolha do écran gigante que servia de pano de fundo e que parecia algo distante daquilo que estava a acontecer em palco. A acompanhar a fadista encontrámos os músicos José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Pedro Jóia (viola), Yami Aloelela (baixo) e Vicky Marques (percussões).
Barco negro e Rosa branca não podiam faltar; ainda que este concerto servisse para apresentar Mundo, Mariza não podia deixar de fazer o gosto aos fãs e seguidores do seu trabalho, que quiseram conhecer o Mundo, mas não esquecem as melodias que se tornam únicas na voz da fadista e mãe do Martim, que lhe fez companhia no tema O tempo não pára. Houve ainda lugar para Ó gente da minha terra, cantado por entre o público, presente na plateia.
O tempo – pelo menos o do concerto – acabou por parar e a(s) gente(s) da “minha terra” deixaram o MEO Arena com o sentimento agridoce, algures entre o contentamento e a sensação de que faltou algo mais.