Duas bandas, um público entusiástico e um monte de cadeiras obsoletas – White Lies + The Ramona Flowers no CCB
18 de novembro, 21 horas na ocidental praia de Belém. Na rua os últimos retardatários comentam que ainda têm tempo porque “há primeira parte”. Mas graças aos acessos fáceis e à ‘descomplicação’ do pessoal de sala que aconselha os ‘atrasados’ a sentarem-se nos primeiros lugares disponíveis, em pouco minutos todos podem assistir à primeira atuação de The Ramona Flowers em Portugal.
A banda de suporte foi exactamente isso e fê-lo com brilhantismo. Em meia dúzia de canções, pois o pouco mais de meia hora concedida não dava para mais, apresentou-se a um público que claramente esperava a banda principal mas que chegou, viu e convenceu-se. Poucos minutos depois do início do concerto, Steve Bird conseguiu algo em que os mais céticos não acreditariam: à segunda canção as cadeiras deixaram de fazer sentido. Uma sala entusiástica aplaudiu em uníssono o primeiro tema e acompanhou de pé os restantes.
Na curta viagem pelos dois álbuns publicados, partilharam uma enorme alegria e dinamismo, com direito a uma corrida de Bird e Sam James pela plateia.
Sem esquecer a referência aos “donos da casa” declararam a sua identidade, abrindo caminho para o regresso em nome próprio, pelo menos a julgar pelo agrado geral do público, bem visível durante o intervalo.
Tal como The Ramona Flowers, os White Lies terminaram em Lisboa a sua digressão europeia. Cinco anos depois, voltam a Portugal para apresentar Friends, trazendo uma sonoridade mais electrónica, com os sintetizadores a assumirem preponderância em relação às guitarras. Mas mostraram também que são naturalmente ainda, e muito, a banda de To Lose my Life, o que ficou claro quer pelo alinhamento – com cinco das doze músicas iniciais a pertencerem a este álbum – quer pela receção do público aos temas do trabalho de 2009. O concerto começou com Take It Out on Me, de Friends, seguido de There Goes Our Love Again, um dos dois temas retirados de Big TV.
Da ainda curta discografia, os britânicos selecionaram também um tema de Ritual (2011) – Streetlights e completaram o espetáculo com temas do mais recente trabalho. A fechar o concerto, e após uma enorme ovação, os músicos voltaram para brindar o público com três temas, fechando com chave de ouro um concerto em que o formalismo da sala não abrandou sequer por momentos o entusiasmo do público e as cadeiras se revelaram um mero estorvo.
A banda despediu-se com Bigger Than Us enquanto nós recordávamos as palavras de Steve Bird, que ao saudar Lisboa vaticinara um grande espectáculo. Sem dúvida que foi!