O deserto da Califórnia soa mesmo bem numa discoteca lisboeta – The Legendary Tigerman no Lux

O deserto da Califórnia soa mesmo bem numa discoteca lisboeta - The Legendary Tigerman no Lux

Paulo Furtado apresentou o último disco, Misfit, perante uma sala esgotada no Lux. Sean Riley mostrou temas novos na primeira parte.

Dizem que o rock morreu, dizem que a irreverência passou toda para os miúdos do hip hop. Não costumamos concordar com tais afirmações, mas o estado de grande parte da plateia que esgotou a sala de concertos do Lux na passada quinta-feira, dia 22, não parecia entusiasmada tanto quanto devia perante tamanha entrega que víamos em palco vinda de Legendary Tigerman e seus companheiros. Paulo Furtado teve de chamar o público para a frente, queixando-se de ver demasiado espaço livre nas primeiras filas da plateia. Foi tratado pelo diminutivo (já agora: não façam isso. A sério), e, já no final, confessou que a noite não passou de um 3 numa escala de 10.

Para nós esteve bem perto desse 10: os novos temas, retirados de Misfit, foram apresentados a rigor, com toda aquela pujança oferecida pelos companheiros de banda (Paulo Segadães na bateria, João Cabrita no saxofone barítono e Filipe Rocha no baixo) a ganhar evidência. Se o disco já faz estragos sozinho, ao vivo tem potencial devastador – é só preciso que quem está do outro lado aja em conformidade.

Black Hole, Child Of Lust ou Motorcycle Boy, na sequência inicial, declararam bem as intenções. Sempre acompanhado pela componente visual (um ecrã atrás do palco projectava vídeos ilustrativos das canções tocadas), o homem que em tempos foi “one-man-band” passou também por temas anteriores, como a incontornável Naked Blues ou a muito bem recebida And Then Came The Pain. Fazendo jus à irreverência do rock and roll, vimo-lo de joelhos à guitarra, em guerra com os amplificadores ou a bater com um microfone na cabeça. Houve pausas mais longas por entre os riffs da magnífica I Finally Belong To Someone, como se estivesse a questionar-se se era mesmo aquilo que queria dizer, mas houve também duelos delirantes com o saxofone de João Cabrita, em Gone, do anterior trabalho.

Twenty First Century Rock ‘n’ Roll ficou para o fecho, como já vem sendo tradição, com Furtado a obrigar toda a gente a berrar as palavras rock and roll vezes sem conta. Logo depois, no encore, ofereceu pedidos de desculpa a quem se sentir defraudado com o concerto e entrega-se a A Girl Called Home, belíssimo tema do disco paralelo Misfit Ballads. Sleeping Alone encerrou de facto a noite, pedida pelo público, que acabou por ser o único factor a quem daríamos negativa.

Afonso Rodrigues, em modo Sean Riley, esteve encarregue da primeira parte, com uma mão cheia de temas que farão parte do próximo disco, California, em que se apresenta pela primeira vez sem os seus Slowriders.

 

Edição: Daniela Azevedo

Teresa Colaço  

Tem pouco mais de metro e meio e especial queda para a nova música portuguesa. Não gostava de cogumelos mas agora até os tolera. Continua sem gostar de feijão verde.


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