Da definição de intemporalidade – Deep Purple no MEO Arena
Há bandas que são e serão sempre intemporais. Tal como o nome The Long Goodbye indica, esta tour anunciou-se como sendo uma possível despedida oficial dos Deep Purple e nós não pudemos deixar de estar presentes. Sete anos depois da última passagem da banda por território nacional, não só regressam com clássicos, como aproveitaram também a ocasião para apresentar temas do seu mais recente trabalho Infinite, lançado em Abril deste ano. O reencontro deu-se no MEO Arena na passada terça-feira e os portugueses UHF foram escolhidos como banda de abertura.
Após a actuação da banda portuguesa, o número de pessoas na sala aumentou consideravelmente, as projecções prepararam-se e foi o tema The Boys Are Back In Town de Thin Lizzy que deu o mote. Quando demos por isso já os Deep Purple estavam em palco. Conduziram-nos numa viagem pelos clássicos e vieram provar que a idade é, nada mais, nada menos, do que um número. Foram cerca de duas horas em que Paice, Glover e Gillan nos obrigaram a acompanhar o seu ritmo. Donos de uma energia incomparável chegaram facilmente ao coração de quem os ouvia e foi impossível perder o sorriso que nos colaram na cara durante todo o concerto.
Os primeiros acordes que se ouviram pertenciam ao tema Time For Bedlam de Infinite, mas foi Fireball que deixou claro o tipo de setlist que os avós do rock britânico nos apresentariam naquela noite. Temas como Birds Of Prey demonstraram que o seu mais recente trabalho tem muito mais que se lhe diga quando ouvido ao vivo. Strange Kind of Woman, entre outros, fez o público acompanhar Ian Gillan em plenos pulmões. Paice demonstrou-se incorrigível na bateria e as teclas viajaram alternadamente entre um tom fantasmagórico e psicadélico, criando aquela sonoridade tão particular que reconhecemos na banda. Os solos de baixo e teclas ocuparam momentos chave da actuação e ainda tivemos direito a uma versão de Cheira Bem, Cheira a Lisboa tocada por Don Airey. Cada um dos instrumentos mereceu toda a atenção que lhe foi dedicada e a voz e a harmónica de Gillan acompanharam a rigor aquela fortaleza intrumental.
As palavras fantastic and superb foram várias vezes usadas para descrever o público português e Gillan confessou ainda sentir-se muito satisfeito por terminar esta primeira parte da tour europeia em Lisboa. Não faltaram temas como Lazy, Perfect Strangers e Smoke On The Water, onde a voz do público no refrão facilmente se sobrepôs a Ian. Sem tempo para grandes pausas, deram uma lição de ritmo, história e amor à música a todos os presentes. O encore foi encerrado com o tema Black Night e fica o desejo de que este não seja um goodbye definitivo. Desta noite fica também a expressão “we love you” que Ian nos dedicou e a palavra que provavelmente melhor define esta banda: intemporal.
Edição de Joana Rita