Confirma-se: o RiR é para todas as idades – Reportagem no 4º dia
E eis que chegamos ao quarto dia do festival, com o sol a espreitar timidamente através das nuvens cinzentas que pairavam sobre Lisboa. “Será chuva, será vento?” Sim, foi isso tudo e ainda um furacão chamado Ivete Sangalo.
Pelas 16h eram muitas as pessoas que faziam parte da fila, às portas da Cidade do Rock. Aproveitavam para dar um jeito no cabelo para fixar o momento com a selfie da praxe. Se há coisas que abundam no RiR são as selfies, as hashtags, os brindes e as filas. Há filas para tudo: para o sofá insuflável, para a fita do cabelo, para a amostra que a marca X ou Y está a dar, para a roda, para o slide, para jantar, para beber qualquer coisa. E tudo isto é enfrentado com calma e tranquilidade: estamos no RiR e o espírito é o de desfrutar de tudo aquilo que o parque tem para oferecer aos seus visitantes, nestes dias de festival.
Descobrimos uma nova profissão de risco: distribuidor de brindes no meio do público do RiR. Um desses profissionais ia sendo literalmente engolido pelas pessoas que o perseguiam e se acotovelavam para conseguir um – “Um quê? Não interessa! Estão a dar!”
Várias foram as famílias que marcaram presença no recinto da Bela Vista: afinal, os portugueses D.A.M.A, uma das atracções do dia, arrastaram milhares de crianças e jovens que, por sua vez, arrastaram as mães e os pais para um sábado diferente.
Mighty Sands, Capitão Fausto e Real Estate deram vida ao palco Vodafone
Os lisboetas Mighty Sands deram o pontapé de saída no palco Vodafone, pelas 16h45. A banda trouxe consigo as músicas que fazem parte de Big Pink Vol.2 – e do Vol. 1 também.
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Ainda faltava meia hora para o início do concerto e já eram muitas as pessoas que aguardavam por Capitão Fausto no palco Vodafone. Duvidamos que a banda tenha os dias contados, a julgar pelo entusiasmo que reinava entre o público. “Para mim vai ser o concerto do dia”, ouvia-se alguém a dizer. Nem só de D.A.M.A (e de Adam *suspiros* Levine) vive o RiR. Domingos, Francisco, Manuel, Salvador e Tomás cumpriram com as expectativas dos presentes.
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Mais tarde, os norte-americanos Real Estate puseram toda a gente a bailar com o seu folk psicadélico e dream pop. Consigo trouxeram o álbum Atlas, editado em 2014. Martin Courtney, Alex Bleeker, Jackson Pollis e Matthew Kallman apresentaram-se com Julian Lynch, que substitui Matt Mondanile, o guitarrista que abandonou a banda dois dias antes da actuação em Lisboa.
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Ver os D.A.M.A? Ah pois, eu “faço questão”
E quando achamos que não dá, não, dá, não dá… a chuva dá um ar da sua graça no parque da Bela Vista. Os portugueses Deixa-me Aclarar-te A Mente, Amigo (aka D.AM.A) subiram ao palco minutos antes da hora marcada. Abriram com Calma e o mar de gente não desanimou perante a chuva e não arredou pé. Os impermeáveis deram outro colorido ao público e os sofás insufláveis ganharam nova utilização: não é que resultam num excelente chapéu de chuva? É caso para dizer, quem não tem chapéu de chuva, caça com sofá!
Francisco Pereira (Kasha), Miguel Coimbra e Miguel Cristovinho têm vindo a somar pontos, ao longo da carreira que um dia os levou a abrir a primeira parte de One Direction (em Julho 2014, no estádio do Dragão). No RiR tomaram conta do (palco) Mundo, tendo por companhia o brasileiro Gabriel, o Pensador que pôs toda a gente a cantar com 2. 3. 4. 5.6.7 8 e subiu uma segunda vez ao palco, para cantar com a banda o conhecido single Não faço questão.
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Fazendo jus à forma digital como se vivem os festivais de música, verificamos que já não há lugar para os “analógicos” isqueiros – tal como cantam os D.AM.A: não dá, não dá, não dá, não dá. O que dá é uma multidão a iluminar o recinto com as luzes dos smartphones.
Ivete Sangalo levantou poeira – mesmo com chuva
Pelas 22h subiu ao palco Mundo, Ivete Maria de Sangalo Cady – ou Ivete Sangalo, para os amigos. Não tardou muito até que trocasse as botas de salto por um calçado confortável para dançar e sentir a energia do público. Sim, o “vamo’tirar o pé do chão” é obrigatório e não é de todo possível imaginar um concerto de Ivete que não se transforme numa autêntica festa. Esta começou com Tempo de alegria e Abalou.
A artista brasileira chegou a ser comparada a Tina Turner pelo The NY Times – não temos a certeza, mas olhamos para ambas e – além das pernas de fazer inveja – não hesitamos em dizer “os anos não passam por elas”. São muitos os prémios que fazem parte da sua carreira musical: a título de exemplo, em 2012, a Rolling Stone Brasil considerou-a a 100ª melhor voz brasileira. É inegável o seu talento e a sua capacidade de comunicação, do princípio ao fim do concerto, dos pés à cabeça.
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A sorte grande de quem esteve no parque da Bela Vista, no dia 28 de Maio foi mesmo a de poder celebrar com Ivete os seus 44 anos de vida. O público acarinhou a cantora e fez-se acompanhar de alguns cartazes de parabéns pelo aniversário celebrado no dia anterior. Arerê, Beleza Rara, Eva, Faraó, O Farol, Festa e a música nova Eu gosto tanto, fizeram parte do alinhamento de uma noite que confirmou mais uma vez o talento e, sobretudo, o carinho de Ivete pelos portugueses.
E quem não esteve presente no dia 28 poderá assistir hoje, último dia de RiR 2016, a outro concerto da artista brasileira. Ariana Grande anunciou, através da sua conta twitter, que está impossibilitada de cantar durante alguns dias, por motivo de doença. A organização do RiR emitiu comunicado informando que Ivete Sangalo irá subir ao palco Mundo, completando o alinhamento do dia 29. Acrescentou, ainda, que será possível reaver o valor do bilhete a partir do dia 31 de Maio e que os procedimentos para tal serão anunciados no site oficial.
Maroon 5 e um Adam Sugar Levine impróprio para diabéticos
Consta que eram 7h da manhã e os membros dos Maroon 5 andavam pelo parque da Bela Vista em modo sound check. À hora marcada – 23h45 – Adam Levine, Jesse Carmichael, Mickey Madden, James Valentine Matt Flynn, e PJ Morton subiram ao palco Mundo com Animals. A banda foi recebida com muita expectativa e o recinto parecia-nos estar a abarrotar – no bom sentido da palavra. One More Night, Stereo Hearts, Harder, Lucky Strike, Wake up call, Love Somebody e Maps não podiam faltar no alinhamento – nem mesmo This Love. Quando chegou a vez de Payphone, os Maroon 5 brindaram os fãs com um momento a capella, tendo como backing vocals todo um público que vibrava com o concerto. O encore aconteceu embalado por She will be loved, Moves like Jagger e terminou com um momento doce: Sugar. E sim, foram muitos os suspiros que se ouviram, aqui e ali, na Cidade do Rock.
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A primeira vez que a banda pisou um palco português aconteceu em 2012, precisamente numa edição do RiR. Seguiu-se um concerto no MEO Arena, em 2015, para chegarem até este dia, em que acalentaram um mar de fãs que não cedeu perante a chuva.
Ainda este RiR vai no adro e já se pensa na próxima edição
A organização do RiR Lisboa confirmou a oitava edição do festival, em 2018, no parque da Bela Vista.
O musicfest.pt arrisca dois nomes imprescindíveis no cartaz: Xutos & Pontapés e… adivinhem? Areeeeerê! Uma Ivete [Sangalo] como você!
Actualização: segundo dados da organização, no dia 28 de Maio a Cidade do Rock acolheu cerca de 85 000 pessoas.