Chris Garneau e Senhor Vulcão no Conservatório Nacional a 2 de Novembro
Um interregno de quatro anos entre o mais recente trabalho (Winter Games) e a edição do anterior (El Radio) poderá parecer luxo ou extravagância supérflua em tempo de consumo instantâneo, massificado e descartável. Em boa hora Chris Garneau decidiu armar-se com o mínimo indispensável e deixar Brooklyn (Nova Iorque). Durante este tempo e na calma conferida pela vastidão de uma quinta e na rotina dos trabalhos diários decidiu compor um dos mais luminosos álbuns da sua discografia, o já mencionado Winter Games, que virá apresentar no Conservatório Nacional – Lisboa, dia 02 de Novembro, 21 horas, em mais uma organização da Nariz Entupido.
Chris Garneau não só tece delicadas recomposições dos diferentes tecidos e texturas sobre problemas contemporâneos que o inquietam e vêm sendo objecto de reflexão ao longo da sua discografia, como adopta um cunho marcadamente pessoal. Nas palavras do próprio – “I trusted myself on this record. For the first time, this record is me. That’s all I know.”. Tecido a tecido conta-nos estórias. Estórias que são dele, mas que facilmente adoptamos como nossas. No entanto, não é só a sua capacidade enquanto letrista que se destaca, mas igualmente a sua inigualável qualidade enquanto instrumentista (voz, piano, guitarra e harmónio), que o torna num dos músicos mais aclamados da sua geração. Confiná-lo ao espartilho da folk será limitar a sua liberdade, pois tanto nos convida para audições atentas de melodias que nos remetem para comparações com Bill Callahan, Rufus Wainwright, passando pelas vocalizações oníricas de Sufjan Stevens, combinações melódicas como as de Regina Spektor ou ainda com adornos mais barrocos de ligeireza pop e piscadelas de olho ao glam à la David Bowie.
Para quem gosta de espaços não confinados, de tempo suspenso e decididamente sem as urgências quotidianas, este é o concerto indicado.
Senhor Vulcão
Um homem, a sua guitarra e o seu gravador de cassetes, e a isto acrescentem-se poemas de verve certeira, mas que prefere chamar de poemas trapezistas, muitos desafinos e desafios, acrescentamos nós, e temos o complemento perfeito para Chris Garneau.