Benjamin: Lisbon was [definitely] calling you – A reportagem no 1º dia do Mexefest 2015
Lisboa recebeu o Vodafone Mexefest com uma noite agradável: o frio marcou presença, mas nada que o calor dos amigos e meia dúzia de castanhas assadas não resolvesse.
Para alguns, o festival terá começado completamente às escuras: no Cinema São Jorge, a Blackout Room proporciona uma vivência da música para despertar os sentidos. Afinal, quantos de nós não dizem “vou VER um concerto” – pois bem, aqui, a palavra de ordem é ouvir – e “só” isso. Pelas 19h40, Akua Naru fazia a sua primeira aparição no Mexefest.
A Sociedade de Geografia de Lisboa acolheu o concerto de Tó Trips, que surgiu bem acompanhado: “Eu sou o Tó e estou aqui com o João Doce. E é isso.” O músico que conhecemos do grupo Dead Combo e dos Ladrões do Tempo é capaz desta magia de nos permitir conversar com a sua música, como se estivéssemos à mesa do bar, a beber cafés ou imperiais, com uma mão cheia de pessoas à nossa volta.
A segunda aparição da norte-americana Akua Naru estava marcada para as 21h, na Estação Vodafone FM, na estação do Rossio. E nós corremos, pois não queríamos perder o comboio. Descalça, com energia para dar e para vender, acompanhada de grandes músicos, Akua Naru viu a sua música contagiar quem conseguiu entrar no recinto – e quem esperava, cá fora, por uma possibilidade para entrar.
Um pouco depois da hora marcada, Chairlift inaugurava o palco do Coliseu dos Recreios. De Brooklyn, Nova Iorque, para Lisboa, Caroline e Patrick conseguiram agarrar o público na primeira música. Na sua primeira passagem por Lisboa, presentearam o público com o novo single, Romeo. O álbum, esse, sai em Janeiro e sucede a Does you inspire you e Something . “You guys are amazing” – sim, Caroline e Patrick, nós, os portugueses, somos mesmo mesmo assim, quando se trata de receber as bandas que estimamos.
E partimos de Nova Iorque para o Cinema São Jorge, onde encontramos a portuguesa Márcia e a sua banda. “Olá, babies” – foi assim que a cantora e compositora deu início a uma viagem pelo Quarto Crescente, o seu mais recente álbum, sem esquecer as visitas aos trabalhos anteriores. Simples, sorridente e de botas douradas, Márcia conquistou uma sala cheia, só para a ouvir – e jogar à cabra-cega.
O cartaz do Vodafone Mexefest é intenso e incentiva à prática do running ou do walking: há catorze espaços com música a acontecer – e um deles até se encontra em movimento. No primeiro dia do festival, The Sunflowers invadiram o Vodafone Bus para colocar a boa disposição e a sua música literalmente sobre rodas. A experiência conquistou o Pedro e a Susana, um jovem casal de namorados que resolveu viver o Mexefest pela primeira vez:
Foi mesmo divertido. Aliás, o festival é muito diferente do habitual. Estamos a gostar muito.
, disse a Susana. E adivinhem qual era o seu concerto mais desejado? Sim, esse mesmo: Benjamin Clementine.
À hora marcada, 00h20, o palco do Coliseu deu sinal para o início do concerto mais esperado da noite. Descalço, Clementine sentou-se em frente ao seu piano e deu início ao momento mágico da noite. Era o concerto mais esperado – havia pessoas a marcar lugares nos camarotes desde o início do concerto de Chairlift. A fila para entrar era imensa e todo o tempo do concerto pareceu pouco àqueles que contribuíram para um Coliseu a abarrotar. Depois de Aveiro e do Porto, Lisbon was [definitely] calling you, Benjamin – e teria todo o gosto em ouvir-te mais vezes, durante mais tempo. O jovem britânico de 26 anos venceu o Mercury Prize, a 20 de novembro. No dia anterior, numa entrevista ao The Guardian descrevia-se como um contador de histórias, sublinhando a importância das palavras, nas suas músicas. Sim, Benjamin, as palavras são importantes – e a postura, os olhos fechados, o piano, a voz. Um todo, bem maior do que a soma das partes, bem maior do que a sua própria altura.
O segundo dia do Vodafone Mexefest conta com a presença de Best Youth, Benjamim, Da Chick e Glockenwise, de Patrick Watson e Peaches, entre outros. Encontramo-nos pela Avenida?
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