Ao terceiro dia, finalmente Super Bock Super Rock. Obrigado, Foals.
Os Foals são a banda de indie rock de que Portugal tinha saudades, já que a última atuação foi em Paredes de Coura em 2017. Com uma energia inesgotável e com o público envolvido a 100% os Foals deram um autêntico espetáculo para não esquecer, no último dia de Super Bock Super Rock 2022.
Com um álbum lançado há um mês, os Foals vinham preparados para atuar duas vezes no mesmo dia, uma no palco Super Bock e outra em formato DJ set na Sala Tejo.
O concerto começa com Wake Me Up, o single do álbum mais recente, e o público reage com gritos, saltos e braços no ar. A guitarra vertiginosa de Yannis Philippakis puxava pelo público e era impossível não sentir a energia frenética de quem assistia a este concerto. Em My Number, que pode ser considerado um dos maiores sucessos da banda britânica, o público canta em total harmonia com o vocalista.
Antes de Spanish Sahara, pedem para a inteira plateia se sentar e apenas saltar quando for o clímax do refrão. Ainda antes de acabar passamos por Providence, Inhaler e Black Bull. Para fechar o concerto que vai deixar saudades aos portugueses, as escolhidas foram mesmo What Went Down e Two Steps, Twice. Numa simbiose perfeita entre músicos e plateia, em vez de uma despedida por palavras, temos direito a um solo de guitarra.
Mais cedo no palco Super Bock tivemos direito a um belíssimo concerto de Mayra Andrade. A verdade é que esta seria das atuações que mais beneficiaria do ambiente do Meco; um concerto de pleno verão que perde por acontecer dentro do Altice Arena, mas que mesmo assim dava para sentir a tropicalidade que andava pelo ar.
Não são só os músicos portugueses a escrever sobre a saudade… também em Cabo Verde a saudade é um dos temas mais aprofundados pelos autores, sendo o maior exemplo disso, a lendária Cesária Évora. Mayra Andrade também é versada no universo da saudade, e pudemos ouvir ao vivo em temas como Terra da Saudade e Afeto. Uma banda totalmente extasiante e sabe o truque para meter a sala inteira a dançar.
Outra das figuras da noite foi Woodkid, o artista francês, que realizou alguns dos videoclipes mais icónicos da pop como: Sign Of The Times, de Harry Styles, Born To Die, de Lana Del Rey, entre outros, e que se encontra ele próprio num género musical algures entre o indie e a pop. O passado como realizador nota-se em palco: é um concerto espetacularmente visual, com um palco montado para que em alguns momentos pareça que Woodkid flutua.
Woodkid teve um grande hit, Run Boy Run, mas apesar do grande sucesso, não foi apenas por causa dessa música que a Sala Tejo encheu. A música de Woodkid parece fazer parte de um universo cru e quase a preto e branco para o qual os vídeos minimalistas e hipnotizantes que Woodkid escolhe para o background.
Acompanhado de uma pequena orquestra, este torna-se num concerto tecnicamente irrepreensível, com as luzes e os vídeos a culminar num autêntico videoclipe em movimento.
No mesmo palco, mas umas horas antes, Son Lux deram também um concerto muito difícil de esquecer. A banda experimental americana que fez a banda sonora do filme Everything Everywhere All At Once pegou nos seus maiores êxitos como Easy e Lost It To Trying e transformou o Palco EDP apenas com Rafiq Bhatia na guitarra, Ian Chang na bateria e Ryan Lott nas teclas.
Quem abriu o palco Super Bock foram mesmo os Local Natives, com a missão de fazer o Altice Arena dançar. A banda norte-americana, de Los Angeles, até falou de Lisboa ser um sítio incrível para viver e faz lembrar o sítio de onde vieram. É uma banda já bastante conceituada, por isso mesmo, é estranho que toque durante a tarde, ainda por cima tão cedo, quando ainda eram muito poucas as pessoas no recinto do festival. Os Local Natives deram um concerto que cumpriu todas as expectativas para os poucos que o viram.