A alma de Coura na voz de Charles Bradley. Dia 2 do Paredes de Coura 2015
No segundo dia com todos os palcos a funcionar (o terceiro dia de festival se contarmos com o “dia zero”), foi mais uma vez o penúltimo artista a dar cartas em Paredes de Coura. Mr. Charles Bradley, everyone! Mas já lá vamos, que ainda houve muito antes para contar.
A abrir o palco principal os portuenses X-Wife, com a sua mescla de rock, punk e electrónica. O recinto estava ainda a menos de meio, com a maioria dos presentes ainda a mostrar sinais de uma noite anterior bem puxada. Ainda assim, os temas mais conhecidos foram bastante aplaudidos, e o trio deu um bom espectáculo.
Ainda no mesmo palco, os americanos Allah-Las foram uma das boas actuações da noite. O seu som a oscilar entre o Surfer Rock e o psicadélico foi a banda sonora perfeita para o iniciar da noite, a audiência foi correspondendo com aplausos, gritos de “yeah!” aos sons mais puxados da banda, e a massa humana quase já chegava ao topo do anfiteatro.
Entretanto, no palco Vodafone.FM, o projecto Waxahatchee, da americana Katie Crutchfield, encantava corações e festivaleiros. O palco foi ficando repleto de gente, havendo muito quem fosse na direcção da restauração e ficasse pelo caminho para ouvir a voz angelical da americana. Muito bom set, que arrancou grandes aplausos finais da audiência.
Voltando ao palco principal, seguiu-se Mark Lanegan e a sua banda. O conceituado vocalista, colaborador de projectos como os Queens of the Stone Age, deu um concerto muito competente, que a espaços se tornou mais animado, mas o seu alinhamento a ir muito ao encontro de um som mais calmo e bluesy não animou muito as hostes que já enchiam o recinto.
No Vodafone.FM era a vez dos também americanos Merchandise. Um trio de rock ligeiro, com um som entre o Surfer Rock de Beach Boys e o mais indie, quase a soar a The Cure, deu para por o lotado palco secundário a dançar e a pular. Muito aplaudidos quando dedicaram uma canção às Waxahatchee, e outra à “Mary Jane”. Boa surpresa, para quem não conhecia, e confirmação para que já tinha ouvido.
Depois, bem, depois aconteceu a celebração. A banda sobe ao palco principal, começa-se a ouvir soul de qualidade, e logo durante os cerca de 4 minutos da introdução, já o apinhado anfiteatro dança, pula, bate palmas e grita o nome do mestre. E é apenas na segunda música que sobe ao palco Mr. Charles Bradley, soulman extraordinaire. Soul, funk, blues, debitados em grande estilo, entrecortados por “I love You All” e “You are all beautiful people!”. E as pessoas correspondem, numa união de almas que só em Coura se dá nesta intensidade. E foi a alma de Coura que se viu nos olhos de Charles Bradley. Impressionante!
Para encerrar a noite, os The War on Drugs. O cabeça de cartaz teve mais uma vez a difícil tarefa de fazer esquecer a apoteose anterior, e os rapazes bem se esforçaram. Desfilando os mais conhecidos temas da banda, a audiência correspondeu a princípio, mas o adiantado da hora foi fazendo mossa, e foram muitos os festivaleiros que começaram a abandonar o recinto. Ainda assim, um bom final de noite.
Hoje há mais Paredes de Coura, mas o tempo de chuva chegou, e decerto arrefecerá os ânimos dos festivaleiros. Para todos os horários das actuações, e mais informação, liguem-se ao HorariosFestivais.com
(A organização não nos atribuiu acreditação com possibilidade de fotografar os concertos)