15 Ago 2018 a 18 Ago 2018

1.° dia no Vodafone Paredes de Coura 2018 – The Blaze dignos do main stage

1.° dia no Vodafone Paredes de Coura 2018 - The Blaze dignos do main stage

Tendas montadas check, banhos no rio check, malinha presa na cintura check, motivação check: e assim começou o primeiro dia em Paredes de Coura…

Após uma tarde relaxada no rio (bem precisamos porque este sol não se aguenta), deu-se mais um arranque do festival minhoto. Quando as portas abriram, já havia uma fila de festivaleiros ansiosos por entrar e este ano o recinto está ainda mais idílico. Já não se via um recinto tão verde desde 2013, ou seja, o pó a que nos habituamos o ano passado, parece que este ano não é um problema.

Coube aos Grandfather’s House iniciarem as atuações no palco principal e é mesmo bom poder contemplar a evolução desta banda. Em 2013 foram selecionados para atuar no palco JN, na praia Fluvial do Taboão; em 2016 já estavam a tocar no palco secundário e agora nesta 26.ª edição inauguraram o palco Vodafone. Tem sido um percurso promissor para estes bracarenses, cujo timbre afinado da vocalista Rita Sampaio dá um toque bastante conciso e aveludado à banda.

Aproveitando que estou numa de elogiar vozes, a de Marlon Williams desmente mesmo a sua idade. Tanto a voz como a letra transportou-nos para uma espécie de melancolia no sentido de estar feliz por estar infeliz, visto que se debateu bastante na temática do amor e desamor.

Seguiram-se os Linda Martini, veteranos tanto no festival como igualmente na temática do desamor e desalento. Quem acompanha esta banda há tantos anos como eu, percebe bem a que me refiro. Fazem-se notar por um potente rock rasgado desde o primeiro momento em que entram em palco. Ontem, foram os artistas que protagonizaram a primeira enchente do dia, debruçando-se sobretudo em canções do álbum homônimo lançado este ano, mas não falharam em tocar clássicos como Mulher a Dias, 100 Metros Sereia e Amor Combate.

KGTLW com um público pouco conhecedor dos mesmos

Se outrora o público português vibrou com as atuações de King Gizzard & The Lizard Wizard o mesmo não se pode dizer agora. A energia destes 7 australianos que prometeram 5 álbuns em 2 anos e cumpriram, não foi contagiante. Estiveram mais profissionais, mas mantiveram o aspecto de aglomerado de amigos divertindo-se a criar uma espécie de rock psicadélico apoiado em mais subgéneros rock, no seu estado mais puro. Inclusive, o seu som saiu limpo e potente como sempre. Apesar disso, o público em geral esteve demasiado parado. Da regie para a frente estão de parabéns pela adesão, nas laterais e restante recinto o público pareceu muito pouco conhecedor da banda. Contudo, a última canção da noite People Vultures animou bastante todos os espectadores, e apesar de vários na frontline terem chamado pela banda, não foram presentados com encore.

The Blaze roubaram a noite

O público pareceu bastante mais entusiasmado com os franceses The Blaze. Foi um pleno espectáculo audiovisual, cuja disposição do palco esteve deveras original. Os primos Alric surgiram no meio de ecrãs com um som robusto, iluminações misteriosas e visuais impressionantes. Em atividade oficialmente apenas desde 2015, a dupla já tem uma legião de fãs que conta até com nomes conhecidos como o diretor Barry Jenkins do galardoado filme Moonlight e Romain Gavras diretor de Born Free da M.I.A. (depois deste concerto percebemos bem o porquê da legião de fãs). Foi uma performance digna de main stage.

A foto de destaque deste artigo mostra bem a enchente no Vodafone durante a atuação dos The Blaze.

“Conan, Conan, Conan, Conan…”

Por sua vez, Conan Osiris também se fez notar no after-hours. Se este artista já tinha sido um sucesso nos Bons Sons, em Cem Soldos, voltou a repetir a façanha aqui para o Norte. Antes do concerto, o pessoal já gritava fervorosamente pelo artista. Relembro que Tiago Miranda de seu nome, começou a carreira em casa, apoiado apenas num computador e sem qualquer tipo de formação musical. Mas rapidamente músicas como Adoro Bolos, Celulitite e 100 Paciência se tornaram virais nas redes sociais. Novamente como aconteceu nos Bons Sons, Adoro Bolos foi uma das mais celebradas da noite e foi cantada num arranjo especial e diferente. Se Deixem o Pimba em Paz foi estupidamente brilhante no último dia do Sobe À Vila, Conan Osiris foi, por sua vez, estupidamente genial.

Este primeiro dia terminou com Nuno Lopes, o ator e DJ que a esta altura já deve considerar o festival a sua segunda casa e o público aqui já o toma como garantido.

A programação completa do festival para os próximos dias está em musicfest.pt/festivaledicao/vodafone-paredes-coura-2018/ e podes usar o teu telemóvel para marcar com uma ⭐️ os concertos que não queres perder!

Ana Duarte  

Consultora Musical na Fonograna e fundadora da webzine CONTRABANDA. Estudou Music Business na Arda Academy e Línguas, Literaturas e Culturas na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Tinha uns pais melómanos que a introduziram a concertos/festivais, ainda tinha ela dentes de leite. 3 décadas depois, aproveita para escrever umas coisas no ponto de vista de espetador melómano (quando a vida de consultora musical lhe permite).


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Mais sobre: Grandfather's House, King Gizzard & The Lizard Wizard, Linda Martini, Marlon Williams, The Blaze


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