XXXapada na Tromba – Freak N’ Grind Fest: Até que o Grind (n)os Separe
Depois de toda a polémica que envolveu o XXXapada na Tromba em 2017 e que, inclusivamente, levou ao seu cancelamento, o festival mais quente de Inverno regressou à “casa-mãe” para a sua terceira edição e o resultado não poderia ter sido outro que não uma enorme festa de Metal Extremo.
Não nos sendo possível estar presentes no primeiro dia foi com enorme satisfação que recolhemos as melhores informações sobre o sucedido na Sexta-Feira, 19 de Janeiro. Foi tão positivo que ficámos a perceber que Grog, Burn Damage e Bleeding Display se apresentaram em grande forma, tal como tantos outros nomes que subiram ao palco da sala lisboeta.
Devido ao cancelamento de última hora dos portugueses Ho Chi Minh, a organização viu-se obrigada a alterar os planos para Sábado, o que fez com que os concertos começassem mais tarde e que os Dead Meat, de Castelo Branco, fossem a primeira banda a subir ao palco de um RCA ainda com mais espaço que pessoas. Pelo segundo ano a representar as beiras no evento, os Dead Meat foram destilando o seu Death Metal com a apresentação dos temas do mais recente Preachers of Gore e foram responsáveis pelo despertar do segundo dia do XXXapada.
Um dos grandes elogios que se pode fazer à organização é a forma como foi cumprindo os horários, com maior ou menor eficácia, mesmo que em alguns casos a banda em causa fosse prejudicada, como foi o caso dos Kaliyuga. Liderada por Emilie, a banda foi abanando os alicerces do palco e foi a primeira a conseguir aquecer o público. Com uma vocalista que se entrega ao palco como se fosse a última vez, os Kaliyuga deram um concerto competente e energético, do principio ao fim, que terminou como começou, de forma abrupta e sem aviso prévio.
Já os Besta foram iguais a si mesmos e com isto queremos dizer que a partir do momento em que Paulo Rui inicia o ritual não há volta a dar e os lisboetas, simplesmente, partem a casa toda. Fica bem patente o motivo pelo qual os Besta são uma das mais reconhecidas bandas do Death/ Grind Crust. Confiança não falta, assim como o incitamento à rebelião.
Antes da paragem para jantar chegou uma das surpresas do festival. Inicialmente previstos para iniciar os concertos, os Lvnae Lvmen, liderados por Sérgio Páscoa, regressaram aos palcos com uma nova formação e com novos temas. Porém, a maior surpresa estava para o final quando Páscoa (membro da organização) agradece aos presentes e, sem que nada o fizesse prever, chama a companheira ao palco para um pedido de casamento que acabou mesmo num “sim”. Memorável. Podia-se mesmo ler um cartaz «O que o amor juntou o XXXapada uniu». Era altura do copo d’água. Após o jantar e talvez devido a isso, os britânicos Omnipotent Hysteria apresentaram um concerto que, além de muito físico, acabou por ser ameno, apesar dos esforços da banda. O mesmo aconteceu com os bielorrussos Extermination Dismemberment. Em ambos os casos o Brutal Death Metal soou banal, não invalidando o talento e a qualidade da banda, assim como ficou patente que ingleses e bielorrussos congregam uma boa base de seguidores por cá.
Já com os italianos Guineapig a história foi outra e o RCA mudou e o caos foi instalado. Entre muito bondage os Guineapig mostraram porque são uma das bandas mais respeitadas no movimento. Repetentes no XXXapada na Tromba, o grupo trouxe a Portugal o seu Gore como se fossem facas afiadas que nos entravam lentamente na pele.
Foi uma sala repleta e com o aquecimento já feito que os Analepsy encontraram quando subiram ao palco. Com um grande disco, Atrocities From Beyond, os lisboetas mostraram porque são actualmente uma das melhores bandas nacionais no género. Percebe-se o crescimento da banda e o “à vontade” com que a banda encara o público e os seus temas. Sem perdão, a banda fustiga o público e os quilómetros de estrada dão essa confiança aos Analepsy.
Para o fim Sérgio Afonso (Bleeding Display) dá uma mãozinha e tudo termina em festa. Já os Gutalax, vindos da República Checa, trouxeram o seu Gore Grind animado e o “bailarico” animou ao som da duckvoice de Maty e foi em ambiente de festa que o XXXapada na Tromba 2018 terminou.
Os Systemik Violence agitaram, uma última vez, as hostes. Provocatórios e violentos como sempre, os Systemik não deixaram ninguém indiferente. Assim terminou um XXXApada na Tromba. Com a certeza que haverá mais em 2019 e com a convicção de que o festival já faz parte do roteiro do Metal mais pesado e extremo. Parabéns pela perseverança e, claro, parabéns aos noivos.
Texto e fotos: Nuno Lopes
Edição: Daniela Azevedo