Um Anjo Inebriante desce até nós – St. Vincent no Hard Club

Um Anjo Inebriante desce até nós - St. Vincent no Hard Club

Poucos minutos passavam das 21:30, de 27 de Novembro, quando a americana Anne Erin Clark, de nome artístico St. Vincent, pisou o palco do Hard Club na cidade do Porto. Apesar da noite fria e chuvosa, a mítica casa portuense compôs-se para receber esta multi-instrumentista, compositora e intérprete.

E quem ali foi, não deu, seguramente, por mal empregue o seu tempo. Na verdade, St. Vincent presenteou os fãs, com uma hora e quarenta minutos de energia contagiante, belos solos de guitarra e coreografias teatrais meticulosamente ensaiadas, a fazer lembrar os pioneiros da música electrónica, Kraftwerk. No que diz respeito à interacção com o público, não foi parca em palavras. Sempre em inglês, é verdade, conseguiu, no entanto, entre canções, contar histórias, dizer piadas e transportar as poucas centenas de fãs para um universo diferente, um universo mágico criado pela artista. Desde temas dos três antigos trabalhos, até ao mais recente álbum, seu homónimo, lançado no início deste ano, pôs toda a gente a dançar, num conjunto de canções electrónicas pujantes, a espaços rasgadas por belos solos de guitarra dedilhados com perfeição e erotismo. A acompanhá-la, dois sintetizadores, um baixo e uma bateria. No entanto, tudo isso não mais serviu do que para ordenar o ritmo dos acenos de cabeça, dos pulos, dos sorrisos e da adrenalina, pois a melodia, essa vinha de dentro de Anne.

Assim, quando, juntamente com a banda que a acompanha, se despediu, não foi de estranhar, ninguém ter arredado pé. Entre palmas e assobios, os seus seguidores aguardaram cerca de cinco minutos até ao tão desejado encore. E aí, quando, sozinha com a sua guitarra, regressou, por entre meia-luz e silêncio geral, e subiu a um palanque estrategicamente colocado no meio do palco, então, talvez tenhamos assistido ao momento alto da noite. Durante cerca de seis minutos, acariciando a guitarra, articulando suaves palavras, numa voz quase angelical, num teatro inebriante, deixou toda a gente, distante, com pele de galinha. Ninguém poderá explicar muito bem o que aconteceu naquele instante, naquele coroar de uma rainha perante os seus súbditos. No entanto, seguramente, toda a gente saiu dali mais leve, mais tranquila, mais viva!

Foi isso que St. Vincent proporcionou às gentes do Porto nessa noite, mais vida. Fica agora a nostalgia e a promessa, de cada um ficar atento aos próximos regressos da artista ao nosso País, para mais doses de magia!

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Nuno Samões  

Nuno Samões, 22 anos, rapaz ávido e dedicado ao trabalho na área de fiscalidade, frequenta actualmente o curso de Economia. Para além da matemática e dos números em geral, nutre paixões por poesia, percussão, livros, cinema e, essencialmente, música, desde que seja boa, claro. Os tempos livres reparte-os entre livros, copos e espectáculos e, quando a inspiração aparece, escreve uns gatafunhos nuns blocos de notas!


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