The National – Regresso a Lisboa para celebrar um amor que vai daqui até à Lua

The National – Regresso a Lisboa para celebrar um amor que vai daqui até à Lua

Subiram ao palco do Campo Pequeno sob uma chuva de aplausos, com quinze minutos de atraso e um pedido de desculpas. Matt Berninger explicou que tinham estado a falar com a estação espacial internacional. Eles são The National, estiveram em Lisboa no passado dia 12 de dezembro para o seu último concerto de 2019 e, muito provavelmente, o entusiasmo do público chegou à Lua.

Ao fundo do palco o video wall que servirá para ilustrar grande parte do concerto, avisara já a chegada para breve “Please, stand by”.

O espectáculo integra a digressão de I’m Easy to Find incluindo uma revista alargada de trabalhos anteriores: dos vinte e quatro temas tocados, nove pertencem ao álbum deste ano. O arranque fez-se com o enérgico You Had Your Soul With You, seguido de Quiet Light, que podemos considerar dois temas fortes do álbum. Após The Pull of You as almas mais melancólicas reencontram-se num trio de canções cantado já a meias entre palco e assistência. E se em I Should Live in Salt e Don’t Swallow the Cap são sobretudo os mais afoitos a acompanhar Matt Berninger e Kate Sables (a voz feminina convidada), ao terceiro tema todo público se declara tão endividado quanto os rapazes do Ohio.

No palco, o vocalista lança copos, brinca com um dos projectores, enfim faz a sua ‘cena’. Cada gesto mínimo de interação com os fãs é efusivamente aplaudido durante todo o serão, alternando-se momentos de entusiasmo desmedido e de intimismo tranquilo como foi o conseguido com o regresso a temas de I’m Easy to Find, desta feita Hey Rosey, Oblivions e Where Is Her Head que ajudam a ilustrar a relação entre Portugal e estes músicos. Em praticamente duas décadas de amor, o que os une é já um casamento: sólido mas não monótono, incluindo separações intercaladas por visitas regulares e uma fidelidade a toda a prova. Cada seguidor da banda tem naturalmente os seus temas e álbuns de eleição mas cada encontro é uma festa que tem por base uma simples e quase dogmática afirmação que roubamos a outros contextos: O que é The National é bom!

Neste ponto, o destaque vai para Kate Sables que assume a liderança em Where is Her Head, sendo tratada pela banda com a distinção dada aos grandes talentos e o destaque que a sua maravilhosa voz merece.

Após This Is the Last Time, somos de novo levados ao espaço. Looking for Astronauts, um tema que já não era tocado desde 2014 é dedicado a Jessica Meyer, que por estes dias tem andado a fazer spacewalk e vem acompanhado de um pedido do sempre bem-humorado Matt: “Se cantarem, ela ouve”, e ainda, “não sei a letra, por isso cantem alto!”.

Regressamos então à Terra, mas por muito pouco tempo já que a grande explosão da noite se faz sentir com The Day I Die que dá azo a uma das costumeiras saídas do palco do líder da banda. E a muitos, muitos saltos por toda a sala. Berninger dá uma pequena volta à arena, escala literalmente parte da sala, subindo mesmo o equipamento refrigerador, até cumprimentar o público nas bancadas. Segue-se The System Only Dreams in Total Darkness e, após a ronda pelos últimos três temas de I am Easy to Find: Rylan, Light Years a canção que lhe dá título, somos brindados com Graceless e o inevitável Fake Empire, qual hino nacional a encerrar a parte principal do concerto.

Já com reencontro marcado para 21 de julho no Rock in Rio e após longo aplauso, os músicos regressam para continuar a festa que qualquer último concerto do ano merece ser. Diríamos que dificilmente podia ser melhor. São seleccionados o magoado Pink Rabbits a anteceder um sempre arrebatado Mr November seguidos de dois temas imprescindíveis: Terrible Love e About Today. Fica mais claro que água: por esta altura Matt Breninger podia escusar-se a cantar, tantas são as vozes que entoam todas as canções do encore. Mas não foi para ficar calado que cá veio e, para deleite de todos, só troca o papel de vocalista pelo de maestro para conduzir o tema que, todos sabiam, encerraria mais um episódio da excelente relação de Portugal com The National.

E como soube bem ouvir um Campo Pequeno há meses esgotado a entoar Vanderlyle Crybaby Geeks que ficará na memória de todos pelo menos até ao próximo verão!

Carla Flores  

A repórter de guerra sonhada aos 10 anos deu lugar à professora de inglês que se dedicou a outras lutas, como a da promoção da leitura e a aquela coisa do "ah e tal, vamos lá mudar o mundo antes que ele nos mude!


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