Super Red Hot Chili Rock Pepper – o 1º dia do SBSR 2017
Eram 15h quando as portas do “ÉssBêÉsseÉrre” abriram para o público que, até então, aproveitava as sombras do Parque das Nações. O calor fazia-se sentir e prometia uma noite quente, daquelas mesmo à verão. A equipa musicfest.pt trajou-se a rigor (entenda-se, de preto) e rumou até ao Parque das Nações.
Os festivaleiros foram recebidos com uma cuidadosa revista dos pertences, com direito a detectores de metais. Foram vários os avisos que circulavam nos vários canais de comunicação oficiais do Super Bock Super Rock (SBSR), indicando que haveria uma revista minuciosa e, por isso, mais demorada. Tranquilamente, as pessoas foram entrando no recinto, procurando sombras para se abrigar do intenso sol com o qual o Parque das Nações foi brindado.
Nas filas para a entrada era possível avistar inúmeras t-shirts dos Red Hot Chili Peppers (RHCP), a banda que esgotou este primeiro dia de SBSR. No interior do recinto a presença das t-shirts foi sendo cada vez mais frequente, dando a sensação de que tudo o que iria acontecer até às 00h00 seria só uma forma de passar o tempo. E sim, foi – a questão é que se ouviu boa música e o difícil foi estar em todos os palcos e cumprir com as escolhas que tínhamos feito, ainda antes do festival começar.
Alexander Search: homenagem a Pessoa(s)
Alexander Search, o projecto de Salvador Sobral e Júlio Resende, que furta o nome a um dos muitos heterónimos de Fernando Pessoa, teve honras de abertura do festival. A música é inspirada na poesia de Pessoa e cada um dos músicos presentes se assume como um heterónimo. O público aguardava calmamente, aproveitava para beber uma cerveja, comer um gelado e pôr a conversa em dia com os amigos.
Neste projecto cada músico assume o nome de um dos heterónimos. Salvador apresentou cada um deles e não se alongou em palavras: preferiu dar prioridade à música e às palavras que tinha para cantar.
É inegável o efeito Salvador Sobral, após a vitória do Festival Eurovisão da Canção. Há muitas expectativas em torno de tudo o que o música possa dizer, vestir e, até, cantar.
Não temos dúvidas da riqueza deste projecto e do seu contributo para o panorama musical português. Sobre a sua presença neste festival: sim, temos algumas dúvidas que este fosse o tempo e o espaço indicado para a sua apresentação ao público.
De Goiânia para Lisboa: Boogarins e a vida depois de Prince, pelos The New Power Generation
Dinho, Benke, Ynaiã e Raphael são os membros da banda brasileira Boogarins que visitou Lisboa após uma recente passagem pelo RiR, em 2016 e uma outra visita em 2014, por ocasião do Milhões em Festa. A actuação foi morna e contrastou com um sem número de t-shirts RHCP que passeavam pelo recinto. O concerto teve início pelas 18h40, com a presença de um público que pôde escolher entre o sol e a sombra, tão característicos do espaço onde o palco EDP se encontra: ali mesmo, na famosa pala do Pavilhão de Portugal.
Aproveitamos para referir que os horários foram cumpridos, à risca, por todos os artistas. Referimos, ainda, que os The Orwells deram um concerto com sabor a rock, no palco EDP – precisamente na hora em que a equipa musicfest.pt decidiu ir repor energias e jantar.
Falar de The New Power Generation (NPG) sem nos lembrarmos de Prince é quase impossível. O concerto teve início com Sexy mother fu*ker, numa espécie de início de cerimónia. No palco Super Bock apresentaram-se na companhia de Bilal. O americano já trabalhou com The Roots, Kendrick Lammar, Beyoncé e Erykah Badu, entre muitos outros. A noite reservou uma outra surpresa, de seu nome Ana Moura, que cantou Little Red Corvette. “We’ve got to keep this thing going” – ouviu-se, a dado momento. E parece ser esse o mote para que esta banda continue, para lá de Prince. E se este concerto cheirou a Prince e a memórias em tons de purple (rain)…
O Parque das Nações chamou pelos Capitão Fausto
Com uma agenda em cheio durante este verão, os Capitão Fausto ocupam o seu lugar no cartaz do SBSR, no palco Super Bock. Definitivamente, Domingos, Francisco, Manuel, Salvador e Tomás não têm os dias contados e continuam a ter uma legião de fãs muito fiel. No verão passado foram várias as vezes que os encontrámos, em palco, por esses festivais fora.
No SBSR o concerto da banda aconteceu pelas 22h40 e a verdade é que o recinto começou a ficar bastante composto nessa altura. Sim, certamente havia muita gente a querer preparar-se para “O” concerto da noite. Ainda assim, confiamos que havia por ali muitos fãs da banda: muita gente a dançar, a cantar os temas que ficam no ouvido. Recordamos que na edição passada deste festival, os Capitão Fausto tinham marcado presença num palco bem mais pequeno do que o MEO Arena. Foi um pequeno passo para a humanidade e, ao mesmo tempo, enorme para a banda.
O legendário (e inadaptado) Tigerman
The Legendary Tigerman e o seu mais recente álbum Misfit subiram ao palco EDP, para revelar a sua inadaptação ao mundo. O horário de actuação, literalmente colado aos Capitão Fausto, terá contribuído para uma plateia pouco numerosa e que optou por colocar a conversa em dia e actualizar as diversas redes sociais.
Estamos em crer que poucos foram os que efectivamente estavam presentes no concerto. O horário revelou-se inadaptado ao momento: a apresentação do novo trabalho. A companhia não podia ter sido a melhor, em palco, com João Cabrita (saxofone), Paulo Segadães (bateria) e Filipe Rocha (baixo). Ficamos a aguardar pelos concertos em que possamos desfrutar deste novo trabalho, sem a preocupação de correr para o MEO Arena para…
…senhoras e senhores, o concerto mais aguardado da noite
Anthony Kiedis, Flea, Chad Smith, Josh Klinghoffer – ou, simplesmente, Red Hot Chili Peppers. Sim, esses mesmos. Uma daquelas bandas que dispensa apresentação e que deixou o MEO Arena completamente à pinha.
É o quinto concerto que a banda dá em Portugal: em 2003 apresentaram-se neste mesmo espaço, na altura conhecido por Pavilhão Atlântico, para dois concertos. O último álbum, The Getaway, foi editado em 2016. O alinhamento deixou o público a vibrar com temas como Can’t Stop, Snow (Hey oh), Californication e Aeroplane. Flea dirigiu-se ao público várias vezes, tendo agradecido a todos a presença e o apoio que desta forma dão à música tocada ao vivo. Foi um concerto memorável: houve quem matasse saudades dos concertos de outros tempos; houve quem delirasse com a sua primeira vez com os RHCP, ao vivo e a cores. *
Em resumo: este primeiro dia de SBSR vai direitinho para as nossas memórias de grandes concertos. E a culpa é dos senhores RHCP. Sem espinhas e sem grandes surpresas.
Para saberes tudo sobre os horários dos próximos dias de SBSR, visita AQUI. E espreita também o Vai ser tão bom, não foi?, com o Gonçalo Lopes.
* Nota de redacção: Por opção dos artistas não nos foi possível fazer registo fotográfico do concerto de Red Hot Chili Peppers